A Operação Compliance Zero, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal (PF), teve como alvos principais o Banco Máster e o Banco de Brasília (BRB), instituições com atuação relevante no patrocínio esportivo nacional.
A ação resultou na prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Máster, e no afastamento de Paulo Henrique Costa, presidente do BRB, por decisão judicial válida por 60 dias.
A investigação apura a emissão e negociação de títulos de crédito falsos no sistema financeiro. Segundo a PF, os papéis teriam sido vendidos a outra instituição e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada. A operação também cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco estados.
Liquidação
Horas após a operação, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Máster e da Master S.A. Corretora de Câmbio. A decisão, assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, encerra as atividades da instituição e aciona o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre depósitos de até R$ 250 mil por investidor.
O conglomerado Master, que incluía também o Master Múltiplo, o Master de Investimentos e o Will Bank, tinha R$ 86,3 bilhões em ativos e R$ 62,2 bilhões em depósitos cobertos pelo FGC, segundo dados do IF-Data. A intervenção é considerada a maior já registrada no sistema financeiro nacional.
Esporte
O Banco Máster esteve envolvido em negociações com o grupo Fictor, que pretendia adquirir a instituição financeira. A proposta foi vetada pelo Banco Central em setembro.
A Fictor, por sua vez, é patrocinadora da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e do Palmeiras. Com a liquidação do Máster, a operação de compra foi encerrada, mas não é possível dizer se isso irá impactar nesses acordos de patrocínio.
No Palmeiras, a Fictor ocupa as costas superior da camisa do time profissional masculino e feminino, além de patrocinadora máster das categorias de base. O contrato, anunciado em março, é válido por três anos e prevê o pagamento de R$ 30 milhões por temporada.
Já com a CBAt, o acordo foi oficializado no início do mês. O compromisso é válido até março de 2029, com aporte de R$ 21 milhões, o que equivale a R$ 6 milhões por ano.
Preso nesta terça-feira, Vorcaro também é dono de 20,2% das ações da SAF do Atlético-MG através da Galo Forte Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (FIP). O banqueiro investiu cerca de R$ 300 milhões nos últimos dois anos para se tornar sócio minoritário do clube.
Vorcaro, atualmente fica atrás apenas da família Menin, dona de negócios como a MRV, Banco Inter, CNN Brasil e Rádio Itatiaia, que detém 41,8%, e o clube associativo, que mantém 25% das ações.
BRB
O Banco de Brasília mantém patrocínios com Flamengo (masculino e feminino), Real Brasília (feminino), Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA).
Em abril de 2024, o BRB assinou novo contrato com o Flamengo, válido até dezembro de 2025, no valor de R$ 50 milhões (R$ 25 milhões por ano). A marca ocupa a clavícula da camisa do time profissional masculino.
A parceria com a CBT foi renovada em janeiro de 2025 e inclui apoio ao tênis profissional, beach tennis e tênis em cadeira de rodas.
Com o esporte a motor, por sua vez, o BRB é patrocinador máster do automobilismo nacional desde 2022, com contrato renovado em maio de 2025 por mais três anos. O acordo garante presença institucional em diversas categorias, como kart, rali e fórmulas de base.
Com o afastamento do presidente do BRB e o envolvimento da instituição na operação, o futuro desses contratos pode ser reavaliado, a depender dos desdobramentos jurídicos e administrativos.
