A Premier League poderá punir os clubes que assinarem contratos de patrocínio com empresas ligadas a seus donos por valores irreais. A iniciativa tem sido feita por equipes com menor poder de arrecadação, mas que contam com proprietários bilionários, principalmente vindos de países do Oriente Médio e dos Estados Unidos.
A medida de endurecimento das regras foi aprovada pela maioria dos clubes no mês passado e também torna mais rígida a transferência de jogadores de clubes que são do mesmo dono.
A nova regra, publicada pelo jornal britânico The Times, determina que, agora, os times podem ser cobrados pela direção da liga, se não “usarem todos os cuidados razoáveis” para garantir que os acordos tenham um valor justo de mercado.
Caso ocorram violações das regras, não haverá tarifa fixa de sanções, sendo todas as penalidades disponibilizadas a uma comissão independente, dependendo da gravidade da infração.
O manual atualizado da Premier League afirma que as regras “procuram garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo dos clubes, extinguindo a dependência de receitas comerciais aumentadas recebidas de entidades ligadas à propriedade do clube”.
O texto também afirma que as regras buscam a “justiça entre os clubes, para que as equipes não possam obter uma vantagem injusta sobre os concorrentes nacionais, aumentando as receitas ou reduzindo os custos através de acordos com entidades ligadas à propriedade de um time”.
Além disso, os clubes passam a ser obrigados a fornecer uma declaração de um de seus dirigentes afirmando que considera que o negócio possui valor justo de mercado.
Divergência
A nova regra, apesar de aprovada, não foi unânime e gerou uma ameaça de ação legal por parte de um clube não identificado da Premier League, possivelmente o Manchester City, equipe que já foi alvo de várias investigações sobre supostas violações das regras do Fair Play Financeiro.
Das 20 equipes da elite da Inglaterra, 12 teriam votado a favor das mudanças, enquanto seis foram contra e duas se abstiveram.
Clubes como Arsenal, Liverpool, Manchester United e Tottenham, todos integrantes do chamado Big Six, grupo dos seis maiores times do país, foram a favor da proposta. No entanto, o fato da aprovação ter ultrapassado por pouco o limite de maioria indica uma divisão grande entre as equipes da primeira divisão.
Apoiado pelo Abu Dhabi United Group (ABDUG), o Manchester City registrou uma receita recorde de £ 712,8 milhões em 2022/2023. Apesar de não ser um clube conhecido por tradicionalmente ter uma grande torcida, o City supera os demais grandes clubes do país em receitas comerciais.
Recentemente, John Textor, dono da SAF do Botafogo e acionista do Crystal Palace, reclamou publicamente das regras limitadoras de gastos. O empresário acredita que o regulamento da liga sobre sustentabilidade financeira impede que equipes ambiciosas, como o time do sul de Londres, desafiem os clubes grandes.
A nova regra limita especialmente essas equipes que assinam acordos de patrocínio inflacionados ou que contratam jogadores por valores artificialmente irrisórios, como uma forma de burlar as regras financeiras.