A LaLiga, organizadora do Campeonato Espanhol, está focada no combate à pirataria audiovisual. A venda de direitos de transmissão representa uma importante fonte de recursos para os clubes que integram a entidade, alguns dos quais, como Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid, têm projeção global.
Em 2025, a LaLiga tem como meta reduzir em 70% as fraudes envolvendo seus conteúdos. Para tanto, a entidade resolveu trazer os esforços antipirataria até o outro lado do Oceano Atlântico. Na última semana, a LaLiga realizou, em Buenos Aires, na Argentina, o primeiro Encontro Contra a Frade Audiovisual na América Latina, que reuniu especialistas de diferentes áreas para discutir temas ligados à tecnologia e ao combate ao crime cibernético no esporte.
O evento contou com as participações de representantes do Ministério da Justiça da Argentina e de entidades e empresas como LigaPro, 1190 Sports, Aliança contra a Pirataria, ESPN, DirecTV, Mercado Livre e TelevisaUnivision, visando a compartilhar estratégias para erradicar a pirataria na região.
Ao proferir uma palestra na abertura do evento, intitulada “Google, X, Cloudflare e grandes empresas de tecnologia como cooperadores necessários da fraude audiovisual”, o presidente da LaLiga, Javier Tebas, resolveu disparar contra as gigantes digitais, que hoje representam uma grande dor de cabeça para quem vende e compra direitos audiovisuais ao redor do mundo.
“Google e Cloudflare são cúmplices desse crime, e não descansaremos até que adotem medidas adequadas, assim como todos os envolvidos no branqueamento de capitais associados à fraude audiovisual”, afirmou Tebas.
Na segunda palestra do evento, o Google voltou a ser alvo dos expositores, que analisaram o suposto envolvimento da empresa em diferentes etapas do fluxo de fraude audiovisual e sua possível atuação limitada no combate ao crescimento global da pirataria.
Já o ministro da Justiça da Argentina, Mariano Cúneo Libarona, disse que, em seu país, 42% dos lares com acesso à internet consomem conteúdo pirata.
Polêmica com Vinicius Júnior
Na véspera do evento em Buenos Aires, Tebas envolveu-se em uma polêmica com o atacante brasileiro Vinicius Júnior, relacionada à questão dos direitos audiovisuais.
O imbróglio ocorreu porque, na última quarta-feira (27), o atleta, que está lesionado, compartilhou nos stories do Instagram uma foto em que aparecia assistindo pela TV ao jogo de seu clube, o Real Madrid, contra o Liverpool, em confronto válido pela Champions League 2024/2025.
A transmissão a que o atleta assistia era do serviço de streaming brasileiro TNT Sports. Na Espanha, onde Vini Jr. reside, porém, a exclusividade dos direitos de transmissão da competição pertence à Movistar.
Na sexta-feira (29), Tebas enviou uma carta ao Real Madrid, acusando o atleta de praticar pirataria audivisual.
“Se estava em Madri, e creio que estava em Madri, é pirataria. O acesso ao conteúdo da Champions na Espanha tem que ser por meio da Movistar Television. Para ver este conteúdo, teria que usar uma VPN ou uma parabólica dirigida a outro lugar. Tem que haver uma conduta ativa saindo do âmbito da Movistar. Estava pirateando o jogo. Comunicamos para que na próxima vez não pirateiem o jogo”, detonou o executivo.
“VPN como mecanismo para evitar o bloqueio de IP e restrições geográficas” foi justamente um dos temas debatidos durante o encontro promovido pela LaLiga, que também contou com a mesa-redonda “As redes sociais como novos motores de busca de links ilegais e transmissões ao vivo”.
De acordo com informações apuradas pelo portal GE, porém, Vini Jr. não utilizaria VPN para acessar as transmissões brasileiras a partir da Espanha. Segundo o site, o jogador consegue assistir às partidas com a conexão 5G de uma linha de celular que ele possui no Brasil.