A proposta da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de bancar a Série B do Brasileirão por quatro anos, em valores similares aos que a Globo pagava para os clubes em 2022 causou impasse entre os times da segunda divisão que integram a Liga Forte Futebol (LFF).
Essas equipes já assinaram, no mês passado, um acordo com a Life Capital Partners e a Serengeti Asset Management para a venda de 20% da futura liga brasileira de clubes. Pelo contrato, o valor desembolsado pode chegar a US$ 950 milhões (R$ 4,97 bilhões), caso haja a participação de pelo menos 36 dos 40 times das Séries A e B. Atualmente, a LFF conta com 26 clubes, que integram as Séries A, B e C do Brasileirão.
A Máquina do Esporte procurou 15 dos 20 clubes que integrarão a Série B do Brasileirão em 2023. Desses, apenas um se pronunciou oficialmente.
“A posição do Sport é, e sempre será, de liderar e acompanhar a decisão da maioria dos demais clubes. Entendemos que o prazo de quatro anos é excessivamente longo, diante de tantas negociações que por ora estão na pauta do futebol Brasileiro”, afirmou Yuri Romão, presidente do Sport, em contato por WhatsApp.
Outros dirigentes preferiram não aparecer, mas mostraram que estão alinhados com a posição do time pernambucano. A ideia é que a proposta da CBF, feita em conjunto com a Brax Sports Assets, seja discutida pelos dirigentes para que, em seguida, seja tomada uma posição em bloco.
Atualmente, os times da Série B que integram a LFF são: ABC, Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Criciúma, Juventude, Londrina, Sport, Vila Nova e Tombense.
Libra
Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta, Sampaio Corrêa e Vitória, que integram a Libra e a Série B, não estão sujeitos ao mesmo dilema dos times da LFF. O Botafogo-SP é o único clube independente, que não aderiu à Libra nem à LFF entre os 40 que disputam as Séries A e B do Brasileirão.
A Libra ainda não assinou contrato com seu possível investidor, a Mubadala Capital, que fez uma proposta de US$ 900 milhões (R$ 4,7 bilhões, na cotação atual) para adquirir 20% dos direitos comerciais da futura liga. Para isso, é necessário que a Libra tenha a adesão de ao menos 16 clubes da Série A. Atualmente, o grupo conta com 11 times na elite.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, a tendência é que os times da Libra tomem também uma posição conjunta e favorável à proposta da CBF. A decisão deve ser comunicada nesta quinta-feira (9), em uma reunião marcada para a sede da confederação, no Rio de Janeiro (RJ).
Para a Libra, bastaria fazer ajustes no modelo do contrato atual, que é válido por 50 anos. Portanto, dois anos da Série B não fariam muita diferença. Os ajustes ao contrato da Libra podem demorar algumas semanas ou até meses até a formalização do acordo.
Pagamentos
A preocupação do momento dos times da LFF é com o fluxo de caixa para esta temporada. No ano passado, graças à participação de Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia na Série B, o campeonato foi valorizado pela Globo, que pagou R$ 208 milhões pelos direitos em todas as plataformas.
A proposta da CBF e da Brax é de R$ 210 milhões pelos direitos de TV e de marketing da competição em 2023, o que resolveria as pendências financeiras dos times. A oferta prevê reajustes anuais, chegando a uma remuneração de R$ 230 milhões no último ano de contrato, em 2026.
Neste ano, sem os quatro times de grande torcida que subiram para a primeira divisão, a Globo já fez uma proposta de apenas R$ 50 milhões, rejeitada pelas equipes. A IMG conduz uma concorrência pelos direitos de transmissão, mas ainda não encontrou interessados com uma oferta que satisfaça os times.
A Brax pode colocar em prática um modelo semelhante ao que montou com a Band no Cariocão, no qual agência e emissora dividem os ganhos com a venda de cotas de publicidade das transmissões.