A recém-criada Libra, entidade que promete ser a nova organizadora do Campeonato Brasileiro das Séries A e B, foi beber na fonte das principais ligas europeias para determinar o critério de divisão de receitas entre os clubes participantes das competições. Mas o modelo apresentado não agradou aos times fora do eixo Rio-São Paulo ou de menor torcida.
A Máquina do Esporte teve acesso ao estatuto que cria a Libra. Nele, está prevista a adoção do critério 40-30-30 para dividir entre os clubes as receitas geradas pela liga com patrocínio e venda de direitos de transmissão. Isso significa que 40% do valor arrecadado será dividido igualmente entre os associados e 30% serão rateados conforme a performance do time no campeonato. Já os outros 30% serão definidos por critérios que envolvem média de público nos estádios, base de assinantes no streaming, seguidores nas redes sociais, audiência na TV aberta e tamanho da torcida.
Na visão de boa parte dos dirigentes que não assinaram o estatuto, essa divisão garante aos clubes de maior torcida uma arrecadação significativamente maior, aumentando a distância financeira entre os times e prejudicando a competitividade do campeonato. Por isso, defendem que a verba seja dividida 50% igualmente entre as equipes, 25% conforme a performance e 25% por audiência. É uma divisão similar ao que acontece na LaLiga, por exemplo.
“No estatuto, a questão do 40 [igualitária] e do 30 [desempenho] não aceita discussão. O único item discutível é o engajamento. O bolo está praticamente pronto“, criticou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, em entrevista à Máquina do Esporte.
“Defendemos que a divisão seja 50-25-25. O Forte Futebol nasceu com esse objetivo. Há outros clubes que pensam igual. Não adianta vir com ideia de que está trazendo executivo de fora e no estatuto esteja um modelo não tão moderno”, acrescentou o dirigente.
Paz é um dos líderes dos clubes contrários ao estatuto da Libra apresentado na última terça-feira (3). Ao lado do Athletico Paranaense, o Fortaleza é um dos articuladores do Forte Futebol, grupo que tem dez clubes defensores de critérios mais igualitários de divisão de receita na liga. Recentemente, esse grupo se aproximou do Atlético-MG, atual campeão brasileiro, e ainda de Fluminense e Internacional, times que também não assinaram o estatuto da Libra na reunião do início da semana.