Criada em 2019 pela fabricante de embalagens plásticas Cristalcopo, a iniciativa Recicla Junto tem avançado, nos últimos anos, nas parcerias com clubes de futebol.
A Máquina do Esporte entrevistou Augusto Freitas, presidente-executivo da empresa e idealizador do projeto de economia circular. Ele comentou a respeito da importância do futebol para essa iniciativa sustentável.
A própria história da Cristalcopo tem relação com o esporte. Antes de fundar a empresa, em 2002, Anselmo Freitas, pai de Augusto, foi executivo em grandes empresas.
Paralelamente, ocupou o cargo de diretor financeiro do Criciúma. Ali, conheceu um empresário que atuava no ramo de embalagens plásticas. Anselmo, então, foi convidado a trabalhar na companhia, onde passou a conhecer a fundo essa área.
A Cristalcopo entrou no mercado de fato em 2009 e sua lista de clientes inclui grandes empresas no país, como Bob’s, McDonald’s, Madero, Atacadão e Assaí. A companhia também fornece copos plásticos para diversas marcas de água mineral.
Como surgiu o Recicla Junto
Augusto contou que a inspiração para o Recicla Junto surgiu a partir de uma cena registrada na Copa do Mundo de 2014 e que correu o mundo.
À ocasião, torcedores japoneses foram filmados em estádios brasileiros recolhendo todos os resíduos das arquibancadas ao término das partidas.
“Se todo mundo fizesse isso, não teríamos problemas com resíduos”, enfatizou o executivo.
A partir dessa faísca inicial, ele teve a ideia de criar uma iniciativa de economia circular, que hoje ganhou “vida própria”, embora ainda não esteja constituída como uma pessoa jurídica independente da Cristalcopo (mas a ideia é que, em breve, o projeto tenha seu próprio CNPJ).
O Recicla Junto surgiu de fato em 2019. À época, começaram a aparecer ao redor do país diversas legislações restringindo o uso de plástico, especialmente sacolas e canudos, por conta dos impactos ocasionados pelo descarte inadequado desses produtos no meio ambiente.
“Inicialmente, pensamos em algo que fosse capaz de mostrar para as pessoas como funciona a logística reversa do plástico”, afirmou Augusto.
O projeto consiste, basicamente, no cadastro de cooperativas de reciclagem, que recebem uniformes e treinamento, passando a atuar em eventos e locais específicos, promovendo a coleta de resíduos, os quais são encaminhados para a reciclagem.
Criciúma
Uma das principais e mais antigas parcerias do Recicla Junto é com o Criciúma, clube do qual Anselmo Freitas foi presidente, de 2021 a 2022.
Em 2023, o projeto recolheu e encaminhou para reciclagem 12,8 mil quilos de resíduos nas partidas da equipe em casa, pela Série B do Brasileirão. No ano passado, quando o time disputou a Série A, o número subiu para mais de 15 mil quilos, um aumento de 60%.
Desde seu lançamento, em 2019, o Recicla Junto já garantiu a reciclagem de 460 mil quilos de resíduos.
Além do futebol, a iniciativa tem forte presença nos municípios catarinenses, com ações em praias e escolas, bem como campanhas em parceria com emissoras de rádio.
Expansão
Em tempos recentes, o Recicla Junto tem buscado expandir sua atuação e encontrou no futebol o caminho para crescer.
No início do ano passado, a Cristalcopo chegou a fechar com a Sports Hub para anunciar nos painéis de led do Allianz Parque em jogos do Palmeiras.
Como a gestão do estádio não é feita diretamente pelo clube, mas sim pela Real Arenas (braço da WTorre), a ideia de levar o Recicla Junto ao estádio alviverde acabou não avançando.
Augusto contou que a empresa também chegou a procurar a Federação Paulista de Futebol (FPF), a fim de levar o projeto aos quatro grandes do estado (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), mas as conversas não prosperaram.
Mesmo não contando ainda com parcerias no futebol do estado, em 2024 o Recicla Junto marcou presença no mercado paulista como copatrocinador da 28ª Maratona Internacional de São Paulo, fornecendo 400 mil copos de água, dos quais 96% foram posteriormente recolhidos e reciclados.
Rio de Janeiro
Foi no Rio de Janeiro que o Recicla Junto encontrou seu primeiro parceiro de expressão nacional. O acordo com o Vasco teve início em agosto deste ano.
Até a semana passada, a iniciativa havia coletado 2,7 mil quilos de resíduos nas partidas do clube em São Januário.
De acordo com Augusto, a projeção oferecida pela parceria com o Vasco já despertou a atenção de outras equipes.
“Hoje, três clubes demonstram interesse em participar do Recicla Junto”, disse o executivo, que prefere não revelar os nomes dos times candidatos a parceiros.
Um desejo dele seria poder levar o projeto aos outros três grandes do Rio de Janeiro (Botafogo, Flamengo e Fluminense), de modo a ampliar ainda mais o alcance da ação.
No caso da parceria com o Vasco, por exemplo, a coleta e a venda dos materiais reciclados beneficia membros de cooperativas de comunidades localizadas perto do Estádio de São Januário.
“Toda a receita obtida fica para os cooperados”, explicou Augusto.
De acordo com ele, o projeto que surgiu inicialmente com uma pegada de marketing, hoje tem um foco totalmente ambiental e social.
“O Recicla Junto é um legado que queremos deixar para a sociedade brasileira”, concluiu.
