O Red Bull Bragantino optou por manter o silêncio em relação às manobras financeiras noticiadas na manhã desta quarta-feira (26) pelo portal GE, que revelou a compra milionária de imóveis da família Chedid, antiga mandatária do clube de Bragança Paulista (SP).
Procurada pela Máquina do Esporte para se posicionar a respeito da notícia veiculada pelo site do Grupo Globo, a assessoria do Red Bull Bragantino reiterou a nota anteriormente divulgada.
Por motivos de confidencialidade, não comentaremos sobre processos e acordos internos. Gostaríamos de ressaltar que, desde a aquisição do clube, a diretoria do Red Bull Bragantino é composta exclusivamente por pessoas que não pertenciam à antiga administração. No máximo, eles ainda ocupam cargos honorários.
Nota do Red Bull Bragantino
Negócios imobiliários
Com essa postura, o Red Bull Bragantino esquiva-se de se pronunciar mais a fundo sobre um tema espinhoso e que pode impactar a imagem da marca proprietária do clube, conhecida por fazer investimentos pesados na área esportiva ao redor do mundo, em modalidades que vão do futebol ao automobilismo.
De acordo com a reportagem do GE, em 2018 a Planarent Participação Ltda., de propriedade dos filhos do então presidente Marquinhos Chedid, adquiriu um terreno de 92 mil metros quadrados em Atibaia, também no interior de São Paulo, pelo valor de R$ 2,3 milhões.
Em março de 2019, foi anunciado que a Red Bull assumiria o clube, negócio concretizado no ano seguinte. Em agosto do mesmo ano, a empresa pagou R$ 25 milhões à vista pelo imóvel que custara R$ 2,3 milhões aos Chedids. Mas as negociações da nova gestora com os antigos dirigentes não cessaram por aí.
Em abril do ano seguinte, a Planarent Participação Ltda. fez novos investimentos em Atibaia, comprando terrenos que ficavam ao lado da área vendida à Red Bull, por R$ 5,3 milhões. Em outubro de 2020, ocorreu uma nova aquisição dos filhos de Chedid, desta vez pagando R$ 2,5 milhões por um lote próximo ao terreno de 92 mil metros quadrados.
Ao todo, as novas áreas custaram R$ 7,8 milhões à família do antigo dirigente. Em 2021, a Red Bull aceitou pagar R$ 21 milhões por esses imóveis. Ao todo, a empresa fabricante de bebidas energéticas, cuja sede fica na Áustria, desembolsou R$ 46 milhões por imóveis que custaram R$ 10 milhões para os Chedids.
A primeira parte do negócio, de R$ 25 milhões, foi feita por uma empresa denominada Red Bull Gestão de Propriedades Imobiliárias, constituída em agosto de 2019, depois incorporada ao clube-empresa. Já a segunda foi realizada diretamente pelo Red Bull Bragantino Futebol. Os imóveis em questão sediarão o futuro centro de treinamento da equipe.
Empréstimos
Outro ponto que chama atenção no caso são dois empréstimos que totalizam mais de R$ 48 milhões, feitos pela Red Bull ao clube, a partir de 2019 (o primeiro, quando o Bragantino havia acabado de conquistar a vaga na Série A do Brasileirão).
O objetivo contábil era deixar positivo o patrimônio líquido da agremiação. Neste caso, o questionamento feito pela reportagem do GE se deve ao fato de esse recurso ter sido utilizado no pagamento de dívidas e despesas, sendo que Marquinhos Chedid, presidente na época da transferência do comando do clube para a Red Bull, era o maior credor do Bragantino.
Em 30 de junho de 2020, época da aquisição do clube, o balanço patrimonial indicava um passivo de mais de R$ 117 milhões relativo a “empréstimos com partes relacionadas”, ou seja, dívidas com pessoas envolvidas na administração da agremiação. Três anos antes, os valores listados sob essa rubrica somavam apenas R$ 9 milhões.