Relatório de CBF e Observatório da Discriminação Racial aponta aumento de 39% nos casos de racismo no futebol

CBF e Observatório da Discriminação Racial no Futebol divulgaram o 10º relatório sobre o tema - Rafael Ribeiro / CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou, nesta quinta-feira (26), a renovação da parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, entidade que luta contra o racismo no esporte, até 2030. O anúncio foi feito juntamente à publicação do 10º Relatório da Discriminação Racial no Futebol, que indicou um aumento de casos no Brasil.

A edição 2023 do estudo, feito em parceria com a CBF e o Grupo de Estudos sobre Esporte e Discriminação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta 136 casos de racismo no futebol registrados no país, um crescimento de 38,77% em relação ao ano anterior, em que houve 98 incidentes.

“O aumento dos casos reportados em relação à temporada anterior reforça a gravidade do problema e os desafios persistentes, que urgem, mais do que nunca, ações efetivas e continuadas, de forma a romper com a passividade e a cumplicidade histórica com o racismo”, afirmou Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

O relatório indica a existência de um crescimento constante de casos de racismo desde 2016, com exceção de 2020, por conta da pandemia de Covid-19. Em comparação com 2014, primeiro ano do monitoramento, o número de casos cresceu 444%. À ocasião, foram 25 casos.

“Esse dado não é só ruim. Também apresenta uma evolução importante, que é uma maior conscientização dos torcedores e dos jogadores. Se a gente tem mais denúncias, é porque a sociedade brasileira está mais atenta a entender o que é racismo e as suas diversas formas de expressão”, avaliou Marcelo Carvalho, presidente do Observatório.

Discriminações

O Relatório da Discriminação Racial no Futebol também oferece descrição e desdobramentos de cada caso e destaca outros incidentes relacionados a demais tipos de discriminação e violência, como LBGTfobia, machismo e xenofobia.

Considerando outras ordens de discriminação, houve um aumento de 7% nos casos em relação à temporada anterior. Por meio do recorte ampliado, o estudo identificou 250 incidentes nos esportes, 222 ocorridos no Brasil e 28 com atletas brasileiros no exterior.

Entre os tipos de discriminação, o racismo é o que predomina, com 184 casos (74% do total). A LGBTfobia ficou em segundo lugar, com 41 incidentes (16%), seguida pela xenofobia, com 14 (6%).

Dos 250 incidentes discriminatórios, 222 aconteceram no futebol. Destes, 195 foram registrados no Brasil e 136 tiveram cunho racista.

Estádios lideram

Entre os 222 casos de discriminação registrados no Brasil, 165 (74%) aconteceram em estádios, 31 (14%) na internet e 26 (12%) em outros espaços. Dos 136 casos de racismo identificados no país, 104 ocorreram em estádios (91 em jogos de futebol) e 19 na internet.

O Rio Grande do Sul foi o líder de casos de racismo em partidas de futebol, sendo responsável por 20 dos 91 incidentes em estádios no futebol brasileiro. O Top 3 ainda tem São Paulo, com 18, e Minas Gerais, com 10.

Sair da versão mobile