O São Paulo anunciou nesta terça-feira (21) um projeto que incorporará startups ligadas ao mercado esportivo ao seu portfólio de produtos. Em parceria com a Sportheca e o Grupo FCJ, o “Inova.São Ventures” se envolverá com empresas em crescimento em busca de maior economia, tecnologia e desempenho.
O projeto se baseia em um modelo conhecido no mercado como Corporate Venture Building (CVB), através do qual, neste caso, o São Paulo impulsionará startups com investimentos financeiros e de marca em troca de produtos e serviços.
O Tricolor Paulista buscará por soluções direcionadas para torcedor, com aplicativos, benefícios, experiências, programas de engajamento e serviços, e para o clube, com soluções que substituam produtos e serviços utilizados atualmente.
A intenção é fazer do São Paulo o “clube mais inovador da América Latina até 2030”, além de gerar mais de R$ 90 milhões em novos negócios nos próximos anos.
Investimentos
O São Paulo não fará qualquer investimento no projeto. O Grupo FCJ divide a captação em três momentos. O primeiro espera levantar R$ 3,2 milhões através de “crowdfunding”, tipo de arrecadação baseada na doação de pessoas interessadas ao projeto, que poderão ser torcedores, por exemplo.
As demais arrecadações serão feitas com veículos de investimento profissionais. A intenção é levantar R$ 11,6 milhões para os aportes às startups.
O tamanho dos aportes irá variar de acordo com cada empresa. Ainda assim, o objetivo é, através da experiência do Grupo FCJ, auxiliar na gestão e governança das startups, mais do que promover investimentos financeiros.
“O São Paulo vai aportar algo que é muito mais valioso do que recurso financeiro, porque ele acelera exponencialmente o sucesso de uma startup ou de uma operação tecnológica. É uma plataforma real de testes e validação, além de uma marca comprovando a viabilidade daquela solução”, apontou Eduardo Tega, fundador da Sportheca.
Etapas
Projetos como este costumam se basear em uma tese de investimento, que norteará as empresas que serão envolvidas. No caso do São Paulo, serão quatro verticais estratégicas de negócios.
A primeira está voltada à performance e desempenho de atletas, enquanto a segunda tem como foco a adoção de soluções para fazer do Morumbis um ponto tecnológico para torcedores e os fãs que o visitam para outros tipos de eventos, como shows de música,
A experiência dos torcedores, bem como o engajamento gerado por eles também será um dos focos. Por fim, a busca por novos negócios conclui os objetivos principais do projeto.
No primeiro ano, a Inova.São Ventures buscará startups brasileiras e estrangeiras que ofereçam soluções em áreas como inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, healthtech, interatividade, gamificação, serviços integrados, beacons e geolocalização, além de experiências do torcedor, entre outras tecnologias emergentes.
Economia e desempenho
O projeto não abraçará qualquer tipo de startup, mas sim aquelas que possuem produtos ou serviços que sejam de interesse do São Paulo. Sendo assim, também serão utilizados pelo clube.
Este movimento irá gerar uma economia imediata para a associação, que deixará de pagar, por exemplo, por tecnologias que utiliza em seu elenco de futebol profissional.
Além disso, possibilitará o uso de ferramentas que atualmente não fazem parte do dia-a-dia do clube pelo custo ou falta de oportunidade. Isso poderá potencializar, também, o desempenho esportivo do São Paulo.
Em contrapartida, a startup que oferece o serviço terá o São Paulo como plataforma de divulgação e validação de sua atuação. A oportunidade será utilizada para acelerar o desenvolvimento da empresa.
“Tendo o São Paulo como principal cliente, é muito mais fácil a entrada e crescimento dela não só no mercado brasileiro, mas no mercado mundial esportivo, porque as dores das entidades acabam sendo as mesmas”, comentou José Guilherme Oliver, head de inovação do São Paulo.
Retorno
O São Paulo não espera grandes retornos financeiros diretos com a participação nas startups. Logicamente, os cofres do clube se beneficiarão do projeto, mas a maneira como isso acontecerá ainda não está completamente definida.
Até o momento, o Tricolor já recebeu um valor, que não foi divulgado, pela parceria com Sportheca e Grupo FCJ. Além disso, enfrenta alguns desafios jurídicos sobre como se beneficiar do desenvolvimento das startups.
Por ser uma associação, o São Paulo não pode ser sócio de empresas. Portanto, é possível que o retorno venha a partir da “mais-valia” proporcionada pelo projeto (diferença do valor das startups no momento de entrada e saída da iniciativa) ou através de royalties.