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São Paulo trava criptomoeda com Bitso para evitar risco ao pagar Galoppo

Patrocinadora determinou valor fixo em dólar para repassar dinheiro ao Banfield, da Argentina

No pior momento do mercado de criptomoedas da história, o São Paulo e a Bitso festejaram a operação que resultou na contratação de Giuliano Galoppo, jogador argentino de 23 anos de idade que era do Banfield. Na última quarta-feira (27), patrocinador e clube anunciaram que Galoppo foi pago por meio de criptomoedas para o time argentino.

“Este é um momento histórico para a Bitso, o São Paulo e o futebol sul-americano. Nossa principal missão junto ao SPFC é contribuir para a maior modernização, digitalização e inclusão no esporte brasileiro, e este é mais um passo importante nesta direção. Estamos muito orgulhosos em trabalhar com os dois clubes para viabilizar a contratação com toda segurança, transparência e flexibilidade que a criptoeconomia oferece”, afirmou Thales Freitas, CEO da Bitso no Brasil, ao anunciar o negócio.

Sem dinheiro para pagar os US$ 4 milhões e garantir a contratação, o São Paulo recorreu a parceiros para adiantar o dinheiro da venda e, assim, viabilizar a contratação. Aí é que entrou a Bitso para assegurar o modelo de transação que incorresse em menos risco ao clube.

Com o mercado de criptomoeda em baixa no momento, o São Paulo corria o risco de ter de desembolsar muito mais para comprar a moeda quando tiver de pagar pelo empréstimo. Assim, para evitar depender tanto da flutuação do câmbio do dólar quanto da cripto, o clube recorreu a um artifício do mercado cripto para não ter de pagar, além de juros, valores exorbitantes da oscilação da moeda virtual.

À Máquina do Esporte, a Bitso informou que a cotação usada para determinar o valor a ser repassado ao Banfield foi a stablecoin USDC. Assim, o clube argentino receberá o equivalente a US$ 4 milhões em criptomoeda, sem sofrer com a desvalorização ou valorização da cripto. Da mesma forma, o São Paulo fixa o valor da dívida com os parceiros no dólar, não na moeda virtual.

“A Bitso atuou de forma a viabilizar a transação entre os times envolvidos, permitindo que a transferência ocorresse de forma rápida e segura, utilizando a stablecoin USDC. Este é um grande exemplo de como temos trabalhado junto aos nossos parceiros para tornar as criptomoedas úteis e acessíveis para quaisquer modelos de transferência de valores”, disse a empresa.

Procurado pela reportagem, o São Paulo não comentou o negócio. Ao site GE, Eduardo Toni, diretor de marketing do clube, disse que a operação envolve parceiros que serão “sócios” do projeto.

“O São Paulo desenvolveu modelos de monetização. Os patrocinadores e anunciantes vão ser sócios-cotistas. Essa parceria viabilizou a chegada do jogador. É uma engenharia de marketing com os nossos atuais parceiros”, disse o executivo.

A contratação de Galoppo lembra um pouco a operação que o clube tentou fazer, e fracassou, para pagar os salários de Daniel Alves, que, ao sair, cobrou uma dívida de R$ 13 milhões do São Paulo na Justiça . A diferença, agora, é que o risco de não receber pelo atleta é dos parceiros que bancaram a compra. Com Dani Alves, o São Paulo contratou o jogador sem custos, mas não tinha caixa para arcar com os salários. Os vencimentos de Galoppo, bem mais baixos, serão pagos pelo clube.