A Superbet anunciou, nesta quarta-feira (4), a organização de um espaço no Rio de Janeiro (RJ) para aproveitar a presença dos times cariocas na Copa do Mundo de Clubes da Fifa 2025. A casa de apostas, porém, não é patrocinadora do Mundial nem de duas das três equipes da Cidade Maravilhosa que estarão em campo nos gramados norte-americanos.
A Casa Superbet terá a transmissão ao vivo das partidas do torneio, com ativações relacionadas a eles. O espaço oferecerá um ambiente temático que ficará ativo entre os dias 15 de junho (segundo dia do Mundial) e 13 de julho (data da final). Entre as atrações, estarão jogos de habilidade e quizzes valendo prêmios.
Haverá um lounge para receber convidados, como ex-jogadores, ainda não anunciados. Naldo, Casa de Marimbondo, Sambotica, Cozinha Arrumada, Mulatto e outros nomes da música se apresentarão na Casa Superbet. Entre todas as ativações, os convidados poderão fazer fotos polaroids, dinâmica com um gol, mesa de totó, gol a gol sentado, e ainda uma iniciativa que medirá os batimentos cardíacos dos torcedores.
Por meio da plataforma Ingresse, estão sendo vendidas as entradas para os dias em que haverá jogos de Botafogo, Flamengo e Fluminense. Os bilhetes saem por R$ 60 (inteira) para homens e R$ 40 (inteira) para mulheres.
O evento será realizado em parceria com o Bosque Bar, localizado no Jockey Club Brasileiro. Segundo a Superbet, o retorno financeiro obtido a partir da venda de ingressos ficará com o estabelecimento.
Conexão
Apesar de não ser parceira comercial da Copa do Mundo de Clubes, a Superbet está presente no futebol carioca. A casa de apostas é patrocinadora máster do Fluminense e dona dos naming rights do Campeonato Carioca e, com isso, nutre relações com o esporte no estado.
A “bet”, porém, não é patrocinadora de Botafogo e Flamengo, que, inclusive, têm outras casas de apostas como patrocinadoras másteres, Vbet e Flabet (marca da Pixbet), respectivamente.
Com as transmissões dos confrontos de todos os clubes cariocas que estarão no Mundial, inclusive daqueles que não patrocina, a marca inevitavelmente se conectará com seus torcedores.
Na página oficial da Casa Superbet no Instagram, a casa de apostas chegou a utilizar o símbolo dos clubes em uma das publicações, mas, após a veiculação da reportagem, a postagem em questão foi apagada. Aliás, a “grande abertura” do espaço será com a transmissão do jogo de um clube com o qual a empresa não mantém vínculo comercial: a estreia do Botafogo no Mundial, diante do Seattle Sounders (EUA), no dia 15 de junho.
Emboscada
O movimento da Superbet é popularmente chamado de “marketing de emboscada”. Nesse tipo de estratégia, marcas se associam a eventos, atividades ou personalidades das quais não são patrocinadoras.
Na coluna Marketing de emboscada: Entre a criatividade e a ética, publicada na Máquina do Esporte no final de 2024, Ivan Martinho, presidente da World Surf League (WSL) na América Latina, explicou que se trata de um caminho nocivo ao mercado.
O executivo comentou que a estratégia ignora o investimento das marcas patrocinadoras, viola direitos de exclusividade e compromete a longevidade e a sustentabilidade dos eventos.
“A recomendação é que grandes marcas considerem passar a investir de forma legítima em propriedades esportivas e de entretenimento. Patrocínios são uma via de mão dupla, que beneficiam não só o patrocinado, mas também fortalecem a marca e suas conexões com o público por meio da paixão”, afirmou Martinho.
Exemplo
Em julho do ano passado, a Máquina do Esporte detalhou um caso semelhante. A Heineken anunciou que montaria um espaço para ativação de sua marca sem álcool, a Heineken 0.0, no Parque Villa-Lobos, localizado na zona oeste de São Paulo (SP).
Inicialmente, a marca divulgou que a iniciativa ficaria ativa nos finais de semana a partir do dia 29 de junho, com previsão de término em setembro. No período, porém, o parque receberia também o Festival Olímpico Parque Time Brasil, atração organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) como forma de ativar os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e engajar os torcedores para o evento.
A tentativa da Heineken de “surfar” na onda olímpica, em uma ação de emboscada semelhante à protagonizada pela Superbet, foi barrada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por violar a “Regra 40” da Carta Olímpica, que impõe restrições rigorosas à ativação de marcas não patrocinadoras durante eventos olímpicos. Na categoria cerveja sem álcool, a entidade tinha um acordo com a Corona Cero para o evento.