Sites de apostas patrocinam 69% dos times das quatro divisões do futebol brasileiro

Atlético-MG (Série A) e Brasil-RS (Série D), ambos com patrocínio de sites de apostas, se enfrentam pela Copa do Brasil - Pedro Souza / Atlético-MG

Às vésperas de serem regulamentadas pelo governo federal, as apostas esportivas iniciam a temporada do Brasileirão como o principal financiador dos clubes que disputam as Séries A, B, C e D do Brasileirão. Dos 124 times que disputarão alguma divisão nacional em 2023, 69,4% têm patrocínio de plataformas de apostas. Desses, 33,9% são patrocínios másteres, ocupando o espaço mais nobre da camisa dos times.

A Série B, que começa nesta sexta-feira (14), com dois jogos, é a divisão em que as plataformas de apostas mais são representativas. Todos os 20 clubes que disputam quatro vagas na elite em 2024 contam com parcerias comerciais neste segmento. Desses acordos, 65% são de patrocínio máster.

“As casas de apostas têm se consolidado no cenário nacional e seu incentivo financeiro se torna cada vez mais importante. O Sport recebe da Betnacional um valor muito importante para as contas do clube”, conta Yuri Romão, presidente do Sport.

“Com esta parceria, foi possível reformar o Centro de Treinamento e oferecer melhores condições para nossos funcionários”, acrescenta.

O Botafogo-SP, outro clube que disputa a Série B, obteve aumento de 400% no valor da camisa em relação a 2022. O principal fator que pesou para isso foi o acordo de patrocínio máster da EstrelaBet.

“O mercado de betting está uma loucura, com valores acima do que o mercado costuma pagar. A procura das empresas é constante, mas sabemos os cuidados necessários em relação à credibilidade, pois o torcedor acaba investindo nessas plataformas”

Adalberto Baptista, administrador da SAF e principal investidor do Botafogo-SP

Série A

A Série A conta com uma exceção: o Cuiabá inicia o campeonato sem dinheiro de apostas. No entanto, os outros 19 clubes têm contratos com empresas do setor. E 55% dos patrocínios másteres da elite do Brasil vêm do ramo de apostas.

“Somos uma marca que foi pensada exclusivamente para o mercado brasileiro. Não por acaso temos as cores do país. Desse modo, foi com grande alegria que celebramos fazer parte do Brasileirão”, afirma Marcos Sabiá, CEO do Galera.bet

A empresa não patrocina nenhum clube atualmente, mas é o site de apostas oficial da Série A desde o ano passado, em contrato que vai até 2024.

“A competição mexe muito com a paixão do povo, assim como o Galera.bet. Por conta disso, não medimos esforços para firmar esse acordo”, conta Sabiá.

Dos 20 clubes da elite, 11 trocaram de casas de apostas em 2023. O último deles foi o Santos, que anunciou oficialmente nesta sexta-feira a entrada da Blazer como patrocinadora máster, após rescindir com Pixbet. Pelo acordo, válido por dois anos, o time irá receber R$ 45 milhões. Os R$ 22,5 milhões representam um aumento de 80% em relação ao que o clube ganhava da antiga parceira (R$ 12,5 milhões).

Além do Peixe, acertaram contratos mais vantajosos nesta temporada: América-MG (EstrelaBet); Athletico, Bahia, Goiás e Grêmio (Esportes da Sorte); Botafogo (Parimatch); Bragantino (MrJack.Bet); Corinthians (Pixbet); Cruzeiro (Betfair) e Fortaleza (Novibet).

“O patrocínio evidencia a evolução do clube no âmbito nacional. A Novibet, que é uma companhia de origem grega, nos escolheu para expor sua marca no Brasil e isso mostra como estamos construindo uma imagem de credibilidade para a instituição”, afirma Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Séries C e D

As parcerias com as plataformas de apostas caem na Série C, que conta com 60% dos clubes com patrocínios nesse segmento, sendo 25% másteres. A quarta divisão é a menos atrativa para os patrocinadores. Mesmo assim, 54,7% dos 64 times que disputam o torneio têm apoio de plataformas de apostas; 18,75% dos clubes cederam a área mais nobre da camisa a empresas do setor.

Um caso curioso é o do Iporá. O time do interior de Goiás é o único das quatro principais divisões do país a contar com três casas de apostas como patrocinadoras: Betfast.io, SportBet e EstrelaBet. Assim, a Série D é o curioso caso em que há 37 patrocínios do segmento de apostas para 35 clubes.

Patrocínio em risco

Um problema que alguns desses clubes pode enfrentar ao longo da temporada é que o governo irá proibir empresas de apostas que não tiverem licença no país de patrocinar clubes. Como a taxa de licenciamento será de R$ 30 milhões por cinco anos, é esperado que várias empresas menores não se interessem pela legalização no Brasil.

O Ministério da Fazenda, porém, pretende conceder um período de transição de 180 dias ou seis meses. Como a maioria dos acordos atuais vence no final da temporada, os clubes não devem ficar sem o dinheiro das apostas neste ano. Mas o impacto da saída de alguns players pode ser sentido pelas equipes menores a partir de 2024.

Para os clubes da Série A, é esperado que a próxima temporada traga ainda mais verba com patrocínio de empresas do setor. Afinal, após a regulamentação é que começa para valer a disputa pelo mercado.

Sair da versão mobile