Parceira de nove dos principais clubes do Brasil, a Socios.com decidiu mudar sua estratégia de investimento no país. A plataforma de engajamento de torcedores não pensa, neste momento, em ampliar o número de acordos com os times do Brasileirão, mas em deixar mais claro para os torcedores como funcionam os fan tokens.
A ferramenta de engajamento já foi muito vendida por clubes e empresas, tanto no Brasil como no exterior, como uma plataforma de investimento. Ou seja, ao adquirir um fan token, o torcedor, além de ajudar o clube do coração, também poderia ganhar dinheiro no futuro, ao vendê-lo em um momento de alta no mercado.
Por conta disso, os fan tokens passaram a ser malvistos, quando os torcedores perceberam que a ferramenta não possui valorização similar a outros investimentos do mercado de capitais e, eventualmente, até perde valor.
“A gente entende que o modelo de utilidade é o que faz sentido e é sustentável para o torcedor e o clube. E não um modelo de pura especulação, porque aí é mais fácil vender ação”, afirmou Marina Fagali, gerente de relações públicas para Brasil e Portugal da Chiliz, da qual a Socios.com faz parte, em entrevista à Máquina do Esporte.
Para ela, as empresas inicialmente venderam os fan tokens como um ativo puramente especulativo. Era um outro momento do mercado, que estava financeiramente muito mais atraente, com diversas empresas tanto de criptomoedas como de capital privado injetando capital.
“Foi um momento, talvez equivocado do mercado, que ainda estava entendendo como usar [os fan tokens] e venderam como investimento. Agora, o desafio é explicar que não é investimento, que não é para ganhar dinheiro. Você pode ganhar e você pode perder [dinheiro com fan token], mas o objetivo principal é a utilidade”, explicou Marina.
Engajamento
Essencialmente, fan token é uma ferramenta de engajamento com a qual o torcedor pode participar de uma série de enquetes, como escolher o novo modelo da camisa do clube, escrever uma mensagem de motivação para o time do coração ou votar em enquetes para ações relacionadas à equipe, entre outras possibilidades.
“Você tem um aplicativo que está o tempo inteiro te propondo, informando qual é o próximo jogo, que você pode palpitar no resultado, ver a escalação do seu time, votar no gol mais bonito da rodada, no melhor jogador da temporada. Tudo isso vai trazendo o torcedor mais para perto”, apontou Marina.
Deixar isso claro para os cadastrados na Socios.com no Brasil é a prioridade no momento. Atualmente, o Brasil é o país com maior número de clientes em novos registros mensais e responde pelo segundo maior faturamento da empresa no mundo, ficando atrás apenas da Turquia.
Por aqui, a plataforma possui parceria com Atlético-MG, Bahia, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Internacional, Palmeiras, São Paulo e Vasco.
Diálogo
Estabelecer um diálogo com os torcedores proprietários de fan tokens é fundamental no propósito da Socios.com. A executiva deu como exemplo o lançamento da camisa roxa do Corinthians, em 2010. À ocasião, o departamento de marketing do clube recebeu fortes críticas dos torcedores, que rejeitaram o novo uniforme. Com o fan token, a ideia é que o processo de elaboração de um novo produto se inverta.
“Em vez de a empresa [clube] determinar o que ela acha que é uma necessidade, e gastar rios de investimento em marketing para fazer com que as pessoas [torcedores] também sintam a relevância daquele produto, ela vai antes na comunidade e pergunta: ‘O que que é importante para você?’, ‘O que que você gosta?'”
Marina Fagali, gerente de relações públicas para Brasil e Portugal da Chiliz
Ou seja, muito mais que servir como opção de investimento, o fan token é uma ferramenta que aproxima os clubes de seus torcedores, aumentando o engajamento e a sensação de pertencimento àquela comunidade.
“A proposta inerente à Web3 é você trabalhar com uma escuta mais ativa e uma proximidade maior da comunidade de consumidores para quem sua marca e seu produto fazem sentido. A marca é o time”, finalizou a executiva.