Pular para o conteúdo

Super Liga Feminina Inglesa amplia testes para liberar consumo de álcool nos estádios de futebol do país

Medida é mais um teste feito pela entidade, em meio a uma proibição que já dura 40 anos no futebol masculino do país

Torcida do Chelsea, atual campeão da Barclays WSL - Reprodução / Instagram (@chelseafcw)

A Women’s Super League (WSL) Football, que organiza as ligas femininas de futebol na Inglaterra, deu mais um passo para dar fim (ou pelo menos flexibilizar) a uma proibição que já vigora há 40 anos nos estádios do país.

A entidade testará a liberação de consumo de álcool nas arquibancadas durante os jogos da temporada 2025/2026 da primeira e da segunda divisão feminina inglesa (Barclays WSL e Barclays WSL2, respectivamente).

A medida será válida, inicialmente, para jogos de 14 clubes, sendo sete da elite – Arsenal (Emirates Stadium), Chelsea (Kingsmeadow & Stamford Bridge), Everton (Goodison Park), Liverpool (St Helens & Anfield), London City Lionesses (Hayes Lane), Manchester City (Joie Stadium) e Manchester United (Leigh Sports Village & Old Trafford) – e outros sete da WSL2 – Birmingham (St Andrew’s), Bristol (Ashton Gate), Crystal Palace (Sutton United), Newcastle (St James’ Park), Sheffield (Bramall Lane), Sunderland (Stadium of Light) e Southampton (St Mary’s Stadium).

Todas essas equipes se inscreveram para participar do teste de liberação nesta temporada. As adesões de Crystal Palace, Newcastle e Chelsea à iniciativa ainda dependem de aprovação por parte da Autoridade de Segurança em Recintos Esportivos (SAG, na sigla em inglês) do Reino Unido.

O consumo de álcool em estádios de futebol foi banido da Inglaterra em 1985, em meio a episódios trágicos relacionados ao hooliganismo, termo utilizado para se referir às práticas violentas de torcedores do país.

Naquele ano, o mundo assistiu à maior demonstração de violência dos hoolingans ingleses, com a tragédia do Estádio do Heysel, em Bruxelas, na Bélgica, que sediava a final da Champions League 1984/1985, entre Juventus e Liverpool.

Durante a partida, aproveitando-se do baixo efetivo policial e das falhas de segurança existentes no estádio, torcedores ingleses invadiram o espaço destinado aos italianos e atacaram os rivais com barras de ferro.

O tumulto ocasionado por essa situação fez com que um muro de contenção caísse, resultando na queda de dezenas de pessoas. O episódio resultou em 39 mortes e um número indeterminado de feridos.

Como punição, os clubes ingleses foram proibidos de participar de competições europeias durante cinco anos. A suspensão foi apoiada até mesmo por autoridades do Reino Unido, entre elas a rainha Elizabeth II.

Uma das consequências desse fato foi a publicação, em 1985, da lei que proíbe o consumo de álcool em estádios de futebol na Inglaterra.

Brecha legal

Quando a legislação entrou em vigor, a Barclays WSL ainda não existia. Portanto, o entendimento é de que a proibição não se aplica aos campeonatos femininos do país.

É fato que, por muito tempo, a WSL Football estendeu o veto para seus torneios. Nos últimos anos, porém, a entidade resolveu aproveitar esse brecha legal para testar o retorno do álcool ao futebol inglês.

A primeira experiência envolveu 51 mil torcedores e foi feita na temporada 2024/2025 da Barclays WSL2, em 19 jogos de Birmingham, Bristol, Newcastle e Southampton, realizados entre janeiro e maio deste ano.

Bom comportamento

Os testes com a liberação de álcool na Barclays WSL2 foram seguidos de uma pesquisa de avaliação, feita com torcedores, clubes e funcionários que atuaram nos estádios.

De acordo com o levantamento, 66% dos torcedores entrevistados disseram ser a favor do retorno do álcool aos estádios (48% declararam apoiar fortemente a ideia).

A WSL Football também alega que não foram registrados incidentes ou problemas de segurança durante os jogos nos quais os testes ocorreram.

Além disso, numa escala que vai de 0 a 10, 84% dos torcedores pesquisados classificaram sua sensação de segurança entre 9 e 10, sem contar que três quartos dos entrevistados afirmaram que provavelmente recomendariam jogos da competição para amigos e familiares.

Já clubes, jogadoras e árbitros disseram não haver notado mudança de comportamento por parte dos torcedores, nas partidas em que ocorreu a liberação do álcool.

Por outro lado, os jogos em que houve oferta de bebida registraram aumento no público e crescimento no gasto médio dos torcedores nos estádios.

Esse deve ser um argumento forte a favor da liberação definitiva do álcool no futebol feminino da Inglaterra.

“Explorar dar aos torcedores a opção de beber álcool nas arquibancadas foi algo que estávamos ansiosos para testar e, após um feedback tão positivo da versão de prova de conceito, estamos ansiosos para abri-lo para mais locais e, igualmente, ouvir aqueles que estão no centro disso – nossos clubes e torcedores”, afirmou Holly Murdoch, diretora de operações da WSL Football.