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TJ-RJ anula eleição na CBF e retira Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade

Dirigente será substituído por José Perdiz, presidente do STJD, que terá que convocar uma nova eleição

Ednaldo Rodrigues foi destituído do cargo de presidente da CBF - Joilson Marconne / CBF

A 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) anulou a eleição na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e retirou o presidente Ednaldo Rodrigues do cargo em decisão tomada nesta quinta-feira (7).

Por determinação do TJ-RJ, a entidade será presidida interinamente por José Perdiz, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que deverá convocar novas eleições em até 30 dias. À decisão do TJ-RJ cabe recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Conmebol e Fifa

Havia internamente um receio de que o dirigente fosse destituído após alguma decisão da Justiça do Rio de Janeiro. Para se resguardar, a CBF fez uma consulta à Fifa e à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) sobre os riscos do Brasil ser punido caso houvesse alguma interferência externa na gestão da entidade.

A Conmebol deixou claro que não seria admitida nenhuma interferência sobre a questão das eleições. Segundo a entidade, a CBF, “em conformidade com os Estatutos da Fifa e da Conmebol, está obrigada a ‘gerir seus assuntos com independência e garantir que não haja interferência de terceiros em seus assuntos internos’. Isso é imperativo sob pena de sanções. O âmbito desta norma abrange todas as questões relacionadas ao futebol, incluindo sua governança, o que engloba a eleição de seus representantes, os períodos de gestão, os períodos máximos de reeleição, bem como a tomada de decisões”.

Já a Fifa foi ainda mais específica, citando que “as associações membros da Fifa são obrigadas a gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros, incluindo quaisquer autoridades estatais”. Caso haja alguma violação, a entidade que comanda o futebol afirmou que o Brasil corre o risco de sofrer sanções, “mesmo que a influência de terceiros não tenha sido culpa da associação membro em questão (art. 14, parágrafo 3 dos Estatutos da Fifa)”.

Histórico

O imbróglio aconteceu porque os desembargadores do tribunal não validaram o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) para a realização das eleições na época. Para o tribunal, o MP-RJ não tinha competência para assinar esse documento pelo fato da CBF ser uma entidade privada.

Em 2018, o MP-RJ moveu uma ação contra a CBF por entender que a eleição da entidade não concedia o mesmo peso para federações e clubes na votação. Pouco depois, o então presidente Rogério Caboclo acabou afastado do cargo por conta de acusações de assédio moral e sexual.

Com isso, quem assinou o TAC foi Ednaldo Rodrigues, um dos vice-presidentes da CBF, que assumiu como mandatário interino na época. A eleição de Caboclo acabou anulada, e Rodrigues se tornou presidente após a realização de uma nova eleição.

Articulação de ex-presidentes

Na última sexta-feira (1º), a Máquina do Esporte já havia informado sobre a articulação de um golpe por parte de dois ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira Marco Polo Del Nero, com o intuito de derrubar Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade.

Vale destacar que os dois foram banidos do futebol durante o escândalo do Fifagate. Teixeira presidiu a CBF de 1989 a 2012, enquanto Del Nero foi o mandatário da entidade entre 2015 e 2017.

Ednaldo Rodrigues havia terminado a semana passada fortalecido, com o apoio dos 27 presidentes das federações estaduais de futebol, que lançaram um manifesto a favor do cartola. O documento também ganhou a adesão dos 20 clubes que disputaram a última temporada da Série B.