O Vasco decidiu celebrar o centenário dos Camisas Negras, time lendário, formado por negros, mulatos, comerciários e operários, que foi responsável pelo primeiro título carioca da história do clube em 1923. A opção foi um vídeo-manifesto lançado nas redes sociais cruz-maltinas para reafirmar o compromisso e a luta pela igualdade, o respeito e a inclusão em todas as esferas.
De acordo com um comunicado enviado à imprensa, “o Vasco é o verdadeiro clube do povo e não vai se limitar a atuar apenas dentro das quatro linhas”. A nota continua com “o cruz-maltino vai lutar por uma sociedade mais justa, onde todos possam ter acesso ao futebol e, também, aos direitos básicos”.
Para isso, o clube convocou os torcedores para que enviem sugestões de temas a serem discutidos com o objetivo de que “a luta continue nos #Próximos100anos”. O objetivo é conhecer novos assuntos que a torcida gostaria que o Vasco se engajasse. Foi aberta, inclusive, uma página especial dentro do site do clube para facilitar o contato.
“O Vasco tem a tradição de olhar para suas origens e buscar soluções que solidifiquem, dentro da identidade do clube, nosso presente e nosso futuro. Ações como este manifesto resgatam a essência do cruz-maltino. O Vasco é diferente, é pioneiro, é do povo. Essas são características que sempre vamos priorizar, acima de tudo. O Vasco permeia o dia a dia, extrapola o futebol, e isso o torna um clube único no mundo”, destacou Luiz Mello, CEO do clube carioca.
As origens do Vasco e os Camisas Negras
O Vasco foi fundado em 21 de agosto de 1898, inicialmente para a prática do remo. Recebeu este nome para homenagear o navegador português Vasco da Gama, responsável pela descoberta do caminho marítimo da Europa para as Índias.
O futebol começou a ser praticado no clube em 1916 e apenas sete anos depois, em 1923, com o lendário time “Camisas Negras”, formado por negros, mulatos, comerciários e operários, conquistou seu primeiro Campeonato Carioca. Foi o primeiro título de uma equipe composta por essa mescla racial e social.
Em 1924, incomodados pela ascensão meteórica do Vasco, as equipes de elite do futebol carioca à época condicionaram a participação vascaína nas competições à exclusão de 12 jogadores pretos e operários. A diretoria do Vasco, então, por unanimidade, rechaçou o convite e escreveu a famosa “Resposta Histórica”, carta assinada em 7 de abril daquele ano, que se tornou uma arma na luta contra o racismo no esporte brasileiro.