Após meses de muita espera, especulações, idas e vindas, o projeto da Nova Vila Belmiro começa a ganhar forma.
Segundo informação divulgada inicialmente pelo portal GE e confirmada pela Máquina do Esporte, o Santos e a empreiteira WTorre esperam assinar o início das obras da arena multiuso no dia 12 de outubro, data em que é celebrado o aniversário do estádio, que tem o nome oficial de Urbano Caldeira.
O cenário perfeito definido por clube e construtora passa justamente pela questão da denominação do local. A ideia de ambos seria realizar a cerimônia de assinatura já com o naming right da arena vendido para uma grande marca.
Segundo o GE, mais de uma empresa já teria demonstrado interesse em assumir essa propriedade. Por enquanto, porém, os nomes dos candidatos a patrocinador são guardados a sete chaves.
Conforme apurou a Máquina do Esporte, caso o naming right do estádio não tenha sido vendido até lá, isso não representará um obstáculo para que a solenidade de assinatura ocorra.
Por outro lado, se os trâmites burocráticos do contrato das obras já tiverem sido resolvidos e, além disso, as partes chegarem a um acordo para a venda dos naming rights antes do Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, nada impede que a data da solenidade seja adiantada.
Se for necessário, a cerimônia pode também ocorrer numa ocasião posterior a 12 de outubro. Independentemente do cenário e do dia a ser escolhido para assinatura, a parceria entre clube e empreiteira segue bem sólida.
Em todo caso, iniciar a execução do projeto já com o naming right vendido é um fator considerado importante, por conta da captação de recursos. A presença de um parceiro forte representaria um estímulo a mais para os possíveis investidores.
Allianz Parque
Um grande trunfo da WTorre é que ela tem no currículo a mais bem-sucedida parceria envolvendo uma arena moderna de futebol no país.
A empresa foi responsável por remodelar o antigo Estádio Palestra Itália, do Palmeiras, iniciativa que resultou no Allianz Parque, em São Paulo (SP).
Em 2024, o local sediou 30 jogos de futebol e 47 shows, atraindo um público de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas e faturando R$ 241 milhões ao longo do ano.
Com números superlativos, o Allianz Parque se converteu em um prato cheio para as marcas. Hoje, além do naming right, que pertence à seguradora alemã, a arena conta com outros 14 patrocinadores, incluindo alguns que denominam setores específicos do estádio.
Um modelo que deu certo (mesmo em meio às recentes rusgas entre a Real Arenas e a diretoria do Palmeiras, que foram resolvidas neste ano) fatalmente servirá de inspiração para o estádio santista.
A Máquina do Esporte apurou que, no entanto, o projeto da Nova Vila Belmiro não será um “Ctrl C + Ctrl V” do Allianz Parque.
Realidades distintas
Localizado na maior metrópole das Américas, com mais de 20 milhões de habitantes, o Allianz Parque costuma receber shows durante o ano todo, boa parte deles com artistas internacionais.
Contribui para isso não apenas sua localização dentro de São Paulo (numa região mais centralizada, próxima a importantes avenidas e ao lado de um terminal intermodal, com embarque e desembarque de trem, metrô e ônibus urbano e intermunicipal), mas das próprias condições demográficas, econômicas e logísticas da metrópole.
Hoje, a Região Metropolitana de São Paulo concentra 34% da aviação comercial brasileira, respondendo por 64% dos voos internacionais. Em 2024, foram nada menos que 16,2 milhões de embarques e desembarques.
A mais recente projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para os municípios, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021, mostra que a riqueza total gerada pelas cidades da Grande São Paulo foi de R$ 1,39 trilhão. Esse número supera o PIB do Rio de Janeiro, segundo estado mais rico do país.
São fatores que permitem ao Allianz Parque, mesmo diante da concorrência de outros estádios e espaços na capital paulista, manter uma agenda intensa de 1,5 evento por semana, sempre com casa cheia.
Aspectos promissores
A Baixada Santista, onde será localizada a Nova Vila Belmiro, possui uma realidade distinta, a começar pela população de 1,89 milhão de pessoas, o que representa um pouco mais do que 9% do total de moradores da Grande São Paulo.
Em termos de economia, a região situada no litoral paulista ocupa a 18ª posição na lista do IBGE dos maiores PIBs por área metropolitana, com R$ 79 bilhões anuais.
Mas a Baixada Santista possui alguns aspectos que ajudam a tornar a nova arena um investimento promissor.
A começar pelo fato de estar localizada relativamente próxima à Grande São Paulo, atraindo levas imensas de turistas, ao longo do ano. Entre dezembro de 2024 e março de 2025, a projeção era de que as cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande, Bertioga, Peruíbe e Mongaguá receberiam, juntas, 8 milhões de turistas.
A tendência, portanto, é de que o projeto da Nova Vila Belmiro deverá apostar em um calendário intenso de shows e eventos, durante a temporada de verão e também em ocasiões como feriados prolongados.
Isso não impedirá que a arena conte com shows em outros períodos do ano, intercalando esses eventos com os jogos de futebol.
Um outro detalhe que torna o projeto da Nova Vila Belmiro atrativo é que atualmente a Baixada Santista não conta com um espaço para eventos com capacidade para receber públicos de dezenas de milhares de pessoas.
A arena santista terá capacidade para 30 mil pessoas e deverá contar com até 600 vagas de estacionamento.
O projeto, por enquanto, está orçado em R$ 700 milhões e recebeu no mês passado a autorização da Prefeitura de Santos. A previsão é de que o estádio seja reinaugurado em 2029.