O banco de investimentos XP fez uma oferta de adiantamento de R$ 350 mil a cada um dos 26 clubes que fazem parte do bloco Liga Forte Futebol (LFF). O repasse desse dinheiro será feito tão logo o clube assine um documento em que se compromete a não sair da liga e assinar com o fundo americano Serengeti a venda de 20% da entidade por pelo menos R$ 2,2 bilhões.
A oferta da XP aconteceu menos de 24 horas depois de a Libra, bloco que conta com a adesão de 18 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, anunciar que tinha a garantia do fundo de investimentos Mubadala de que investirá R$ 4 bilhões na entidade em troca de 20% de seus direitos comerciais, mesmo que ela não tenha pelo menos 33 clubes.
As ofertas de dinheiro rápido nos caixas dos clubes se tornaram a nova moeda de troca dos fundos de investimento para tentarem puxar para si o protagonismo e a garantia de que serão sócios de uma possível liga de clubes no Brasil.
Nas últimas semanas, as discussões e disputas entre os dois blocos ganharam novos capítulos com ofertas mais concretas de investimento na aquisição de 20% da liga por parte dos fundos estrangeiros.
Há algumas semanas, como a Máquina do Esporte havia revelado, o fundo americano Serengeti sinalizou que liberaria até o final de junho uma parte da verba para os clubes do Forte Futebol que assinarem o compromisso com ele.
O fundo diz que pode desembolsar até R$ 1 bilhão aos clubes. A verba pode ser usada pelo clube da maneira que ele quiser, desde que seja para sanar dívidas, melhorar infraestrutura ou reforçar o elenco. Como não há uma regra específica de onde esse dinheiro precisa ser aplicado, existe uma clara tendência de que a prioridade deverá ser a de usar a verba para contratar jogadores, já que haverá, no próximo mês, a abertura da janela de transferências.
O anúncio de que a Serengeti já teria verba para ser adiantada aos clubes fez com que a Mubadala e a Libra se mexessem. Na última sexta-feira (26), em Assembleia com a participação de seus filiados, a Libra apresentou a garantia do fundo de investimentos de que pagará pelo menos R$ 4 bilhões pelos 20% dos direitos comerciais da instituição. E, mais do que isso, afirmou que fará o repasse mesmo que apenas 18 clubes assinem com ela, o que pode representar mais dinheiro na mão de quem está na Libra (a disparidade na divisão de receitas entre os clubes grandes e os menores é o que causou a cisão entre os clubes e a criação de dois blocos distintos).
Isso gerou um temor na XP, que assessora a venda da Forte Futebol para o fundo Serengeti, e fez com que a instituição financeira decidisse ofertar o adiantamento aos clubes. Com dificuldades financeiras, algumas agremiações veem a chance de entrar R$ 350 mil imediatamente nos cofres como uma oportunidade para não se perder. O problema é que, para ter o dinheiro, o clube terá de aceitar de todas as formas as condições impostas por quem tem milhões a faturar com esse negócio.
As primeiras semanas de junho devem ser de mais ofertas aos clubes. E estes, em dificuldades financeiras, tendem a topar tudo por dinheiro.