A novela da tentativa de reunificar o golfe profissional no planeta parece não ter fim. Nesta semana, o PGA Tour recusou a oferta de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,9 bilhões, pela cotação atual) feita pelo Fundo Público de Investimento (PIF, na sigla em inglês) da Arábia Saudita.
De acordo com informações do jornal britânico The Guardian, o motivo da recusa envolve o LIV Golf, circuito que é bancado com recursos do PIF.
O fundo soberano saudita pretendia realizar o investimento bilionário na PGA Tour Enterprises, entidade que representa os interesses comerciais do circuito sediado nos Estados Unidos.
O acordo previa que o governador do PIF, Yasir Al-Rumayyan, assumiria como copresidente da empresa e que o LIV Golf seguiria funcionando, condição esta que não foi aceita pelo PGA Tour.
O PGA Tour quer a reunificação em uma só competição de elite. As principais lideranças da organização hesitam em dar uma posição de destaque a Al-Rumayyan enquanto o LIV Golf continua operando.
Em 2023, os dois circuitos, juntamente do DP World Tour, firmaram um acordo visando a combinar suas operações comerciais. Inicialmente, a maior oposição a essa fusão vinha dos jogadores.
Vencida essa barreira, as discussões continuam a se arrastar, sem perspectiva de uma conclusão. Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, porém, o negócio ganhou um novo impulso.
Fator Trump
Trump, que recentemente participou de um evento do LIV Golf realizado em seu resort de golfe Doral, em Miami, tem se interessado cada vez mais em intermediar um acordo de reunificação para o esporte. Enquanto viajava para o evento, na semana passada, ele declarou a repórteres que estava esperançoso de garantir um acordo.
As negociações entre o PGA Tour e o PIF se intensificaram em fevereiro, após uma reunião ocorrida na Casa Branca, em Washington.
Segundo informações da ESPN norte-americana, o PIF deseja que o golfe em equipe siga fazendo parte do ecossistema do esporte, após uma eventual reunificação.
O PGA Tour teria oferecido alternativas ao PIF para incorporar uma versão do LIV Golf em programações futuras, incluindo a possibilidade de realizar competições por equipes em locais internacionais.
“Apreciamos a visão inovadora de Yasir e podemos ver um futuro em que o receberemos no nosso conselho e trabalharemos juntos para levar o jogo global adiante. Como parte das nossas negociações, acreditamos que há espaço para integrar aspectos importantes do LIV Golf na plataforma do PGA Tour. Estamos fazendo tudo que podemos para unir os dois lados”, disse o comissário do PGA Tour, Jay Monahan.
“Dito isso, não faremos isso de uma forma que diminua a força da nossa plataforma ou o impulso muito real que temos com nossos fãs e parceiros”, prosseguiu.
Apesar da disposição para dialogar, o CEO do LIV Golf, Scott O’Neil, declarou a jornalistas que o circuito por ele comandado não necessitaria de um acordo com o PGA Tour para sobreviver.
“Se o acordo puder ajudar a desenvolver o jogo de golfe, vou entrar com os dois pés. Temos que fazer um acordo? Não. Seria bom fazer um acordo, desde que estejamos todos focados nas mesmas coisas”, afirmou.
“Então, temos que fazer um acordo ou precisamos de um acordo? Seja qual for a palavra que você use, deixe isso para alguém mais inteligente do que eu. Direi que amo o que estamos fazendo, amo nossas perspectivas. Eu amo o crescimento em três meses. Eu sei o que está por vir nos próximos três meses. E amo onde estamos”, concluiu O’Neil.