Eleição do COI: Lista de sete candidatos tem campeões olímpicos, príncipe e até dono da Amazônia

Sebastian Coe (à esq.) cumprimenta Keely Hodgkinson, campeã olímpica dos 800 m em Paris 2024 - Reprodução/Instagram @sebcoeofficial

Sebastian Coe (à esq.) cumprimenta Keely Hodgkinson, campeã olímpica dos 800m em Paris 2024 - Reprodução / Instagram (@sebcoeofficial)

O Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou, nesta segunda-feira (16), que haverá sete candidatos à sucessão de Thomas Bach à presidência da entidade. Em agosto, o atual presidente se recusou a tentar um terceiro mandato à frente da entidade.

Entre os nomes, os destaques são dois ex-campeões olímpicos. Sebastian Coe, atual presidente da World Athletics, entidade que comanda o atletismo, foi bicampeão olímpico nos 1500m (Moscou 1980 e Los Angeles 1984). Nos anos 1980, foi um dos grandes rivais do brasileiro Joaquim Cruz, ouro nos 800m em Los Angeles 1984.

Aos 67 anos, Coe conta com a experiência de também ter presidido o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.

Outro destaque, esse das piscinas, é Kirsty Coventry, do Zimbábue. A nadadora também foi bicampeã olímpica, mas nos 200m costas (Atenas 2004 e Pequim 2008). Também conquistou mais 4 pratas e 1 bronze em Olimpíadas.

Desde setembro de 2018, Kirsty é ministra da Juventude, Esporte e Artes do governo do Zimbábue. É membro do COI e presidente da Comissão de Atletas da entidade.

Demais nomes

Entre os demais candidatos, outro destaque é Juan Antonio Samaranch Jr., que, como o nome deixa claro, é filho do ex-presidente do COI, Juan Antonio Samaranch, que dirigiu a entidade entre 1980 e 2001, e morreu em 2010. Samaranch Jr. é o atual vice-presidente do COI.

A lista fica completa com Feisal Al Hussein, príncipe da Jordânia; David Lappartient, da França; Morinari Watanabe, do Japão; e Johan Eliasch, sueco radicado na Inglaterra.

Watanabe é presidente da poderosa Federação Internacional de Ginástica (FIG), uma das principais entidades do Movimento Olímpico.

Já Eliasch é CEO da empresa de material esportivo Head, além de presidente da Federação Internacional de Esqui e ex-jogador de curling.

O sueco também é banqueiro e produtor de cinema. Conhecido por seu ativismo ambiental, é dono da maior área particular na Floresta Amazônica. O magnata adquiriu 400 mil acres (1.600 km2) da floresta brasileira, uma área maior do que a cidade de São Paulo.

Programação

Os pretendentes se dirigirão aos 111 membros do COI com direito a voto entre os dias 20 e 24 de janeiro. Finalmente, entre 18 e 21 de março, durante a 143ª Sessão do COI, haverá a eleição do novo presidente.

“Os candidatos apresentarão seus programas, em privado, a todos os membros do COI por ocasião de uma reunião a ser realizada em Lausanne (Suíça) em janeiro de 2025”, contou o COI, em comunicado oficial.

Coe parece despontar como o favorito por sua larga experiência administrativa e o passado de atleta. No entanto, as regras atuais do COI estabelecem que o presidente não pode ter mais do que 70 anos, e o britânico já está com 67.

O atual mandatário da World Athletics já não conta com o respaldo integral de Bach depois de ter assumido iniciativas independentes, como estabelecer premiação em dinheiro para os medalhistas olímpicos do atletismo.

Sem diversidade

A expectativa era de que houvesse maior número de candidatas nesta eleição. No entanto, nem Nicole Hoevertsz, de Aruba; nem Nawal El Moutawakel, do Marrocos; nem Caster Semenya, da África do Sul, quiseram participar do pleito. Nicole e Nawal estão entre as vice-presidentes do COI.

Com isso, Kirsty Coventry acabou sendo a única representante do sexo feminino no pleito, embora tenha escassas chances de ser eleita, em uma organização em que ainda não há muita diversidade, as mulheres têm representatividade escassa e nunca houve a eleição de um candidato que não fosse europeu ou norte-americano.

Há escassa diversidade no cargo de presidente do COI. Em 130 anos de história da entidade, apenas nove homens, todos brancos, exerceram o cargo, o que dá uma média de mais de 14 anos de mandato para cada um.

O mandato mais longo foi o do barão Pierre de Coubertin, que dirigiu a entidade por 29 anos (1896 a 1925). Ele morreu no cargo.

Com exceção do norte-americano Avery Brundage, mandatário de 1952 a 1972, todos os demais presidentes foram europeus: um grego, um francês, um sueco, dois belgas, um irlandês, um espanhol e um alemão.

Por isso, uma ausência sentida na lista de postulantes foi o chileno Neven Ilic, presidente da Panamerican Sports, entidade que organiza os Jogos Pan-Americanos.

Apoio velado

Atualmente, Lappartient, de 51 anos, presidente da União Ciclística Internacional (UCI), parece ser quem conta com mais apoio do atual presidente do COI. O francês apareceu em vários eventos públicos ao lado de Bach durante os Jogos de Paris, encerrados em 11 de agosto.

Publicamente, porém, o atual mandatário não apoia nenhum nome. O dirigente alemão afirmou que pretende ficar no cargo até 24 de junho para ajudar a fazer uma transição suave para o novo presidente.

“Para salvaguardar a credibilidade do COI, todos nós, e em particular eu como seu presidente, temos que respeitar os mais altos padrões de boa governança que estabelecemos para nós mesmos”, afirmou Bach, à ocasião.

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