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Confederações de novos esportes olímpicos miram evolução de infraestrutura com Los Angeles 2028

Críquete, squash e lacrosse trabalham para aproveitar a oportunidade de entrar nos Jogos e, assim, desenvolver as modalidades no Brasil

Visitante da COB Expo 2025 participa de atividade promovida pela Confederação Brasileira de Lacrosse - Gaspar Nóbrega / COB

Os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 terão beisebol, críquete, flag football, lacrosse e squash como novas modalidades. Dessa forma, as confederações responsáveis por esses esportes no Brasil têm a responsabilidade de aproveitar a oportunidade para mudar seus caminhos.

Ao se transformarem em olímpicas, as modalidades passam a se tornar filiadas ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), o que inclui novos repasses financeiros e apoios de gestão e visibilidade.

Na COB Expo 2025, encerrada no último domingo (28), por exemplo, as cinco modalidades que entraram no programa olímpico tiveram destaque. No primeiro dia de feira, os presidentes das cinco entidades participaram de um debate sobre os desafios de expandir a presença no cenário esportivo brasileiro.

Além disso, críquete, lacrosse e flag football tiveram espaços reservados para os visitantes experimentarem suas práticas.

As oportunidades, ainda assim, dependem do trabalho das confederações para serem aproveitadas. Em entrevista à Máquina do Esporte, os presidentes das entidades responsáveis pelo críquete, squash e lacrosse no país falaram sobre os caminhos a serem seguidos neste ciclo olímpico.

Críquete

Para a Confederação Brasileira de Críquete (CBC), um dos principais benefícios de se tornar esporte olímpico está na possibilidade de trabalhar o alto desempenho sem ter que deixar de lado o desenvolvimento de infraestrutura.

“Dá um caminho de trabalho maior para a gente, porque agora a gente tem atletas de alta performance. Muda muito o cenário do desenvolvimento do esporte para aqueles que estão começando”, disse Roberta Moretti, presidente da entidade.

O impacto financeiro também foi grande. Mesmo já recebendo verbas provenientes da International Cricket Council, entidade máxima do esporte, a confederação viu o faturamento quase dobrar com os repasses do COB.

“Nós viajamos em 2022 para competir por pontos no ranking mundial feminino e gastamos 10% do orçamento anual. Hoje não. Conseguimos reverter 100% da verba de desenvolvimento e ainda temos aquele mesmo valor para colocar nossos atletas no cenário mundial. É um divisor de águas muito grande”, lembrou a diretora, que também atua na seleção brasileira feminina de críquete.

Com mais tranquilidade nas verbas, a confederação também espera conseguir evoluir projetos voltados para fomentar o desenvolvimento do esporte e dar suporte para jovens em situação de vulnerabilidade social.

“Hoje, nós somos 12 mil crianças jogando todos os meses. No ano passado, tivemos 88 mil pessoas em contato com o críquete, e esse ano vamos bater 110 mil. Então, vemos que esse crescimento é muito real”, comentou Roberta Moretti.

Squash

O squash espera aproveitar a oportunidade de estar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 para desenvolver novas parcerias comerciais.

“Só de poder falar que é olímpico, pela visibilidade que vai proporcionar aqui no país, em termos de busca de patrocínio e mídia, foi uma felicidade muito grande. Agora temos a responsabilidade de aproveitar esse ciclo olímpico e deixar um legado para o nosso esporte”, comentou José Henrique Lopes, presidente da Confederação Brasileira de Squash (CBSquash).

O orçamento da confederação em 2024 foi próximo de R$ 500 mil. Neste ano, já como esporte olímpico, o número subiu para R$ 3,5 milhões. Atualmente, a entidade não possui patrocinadores e, portanto, depende dos repasses do COB.

“Só em ter uma mudança de nível de investimento, já conseguimos ter vários bons resultados, que a gente espera que sejam só o começo, porque temos expectativas para Los Angeles”, avaliou o presidente da confederação.

“Hoje, quando você chega em um patrocinador, e ele pergunta se você é olímpico, acaba tendo uma aceitação melhor. A gente ainda não fechou nada, mas estamos em busca de algumas coisas”, apontou.

A entidade também pretende usar a visibilidade proporcionada pela entrada nos Jogos para realizar iniciativas de aproximação com outros esportes parecidos, como tênis, tênis de mesa e badminton. 

“Estamos conversando com as outras confederações, buscando uma sinergia, até para fazer eventos juntos e chamar outros esportes de raquete também. É uma ideia que a gente tem, talvez concretize a partir do ano que vem”, disse José Henrique Lopes.

Lacrosse

Entre os esportes que se tornaram olímpicos para Los Angeles 2028, o lacrosse foi o que sofreu maiores impactos imediatos com a mudança, principalmente por conta da situação do esporte no país até então.

A Confederação Brasileira de Lacrosse (CBL) foi fundada em abril, como uma consequência da entrada do esporte nos Jogos. A organização surgiu a partir de uma iniciativa de internacionalização promovida pela World Lacrosse, entidade máxima do esporte no mundo.

“Eu trabalhava em uma universidade no Pará, em Santarém, quando recebi a proposta de oferecer um curso sobre treinadores certificado pela World Lacrosse. Na época, era diretor acadêmico e entendi que poderia ser uma oportunidade em termos de diferenciação”, detalhou Manolo Aquino, presidente da Confederação Brasileira de Lacrosse.

“Foi feito o curso, e a única coisa que me pediram em troca era uma agenda de divulgação do esporte em clubes e escolas. Depois disso, avaliaram que Santarém seria um lugar propício para iniciar o esporte no Brasil e logo em seguida aconteceu a entrada como esporte olímpico”, acrescentou.

Recém-criada, a confederação ainda não conta com qualquer infraestrutura que permita a prática do esporte e, por isso, depende de atletas que moram nos Estados Unidos e no Canadá para formar as equipes que representam o Brasil.

A expectativa é de que a possibilidade de disputar os Jogos de Los Angeles 2028 crie condições para o desenvolvimento de condições para a prática do lacrosse no país e de trabalhos de base para aumentar o número de praticantes.

“O campo é muito propício, principalmente para o Brasil, que tem um espírito esportivo muito grande e o competitivo ainda maior. Agora, estamos buscando alguém que queira patrocinar o desenvolvimento da base onde quer que seja no país todo”, pontuou o presidente.