O mercado esportivo brasileiro e global passa por uma transformação significativa impulsionada pela demanda reprimida e o aumento da sofisticação das necessidades do torcedor. Após a pandemia de Covid-19, a busca por momentos “ao vivo” atingiu um novo patamar, forçando promotores de eventos e detentores de direitos a repensarem o modelo de entrega de valor aos seus públicos.
A experiência deixou de ser um diferencial e se tornou uma obrigação para quem deseja ser protagonista na indústria, garantindo a atração e a retenção do público. Além disso, a necessidade de vivenciar o momento de forma presencial e intensa foi um dos catalisadores desse movimento, como apontou Mauro Corrêa, sócio do Grupo Sisu e sócio-fundador da Golden Goal, durante participação no Maquinistas, o podcast da Máquina do Esporte.
“A pandemia trouxe uma carência natural de consumo ao vivo, e a gente percebe isso muito nos shows. Logo depois da pandemia, tivemos um consumo nunca visto [nesse segmento]”, comentou o executivo.
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Segundo Corrêa, apesar da empolgação inicial, o mercado encontrou um “ponto de equilíbrio” em 2023 e 2024, mesmo com o cenário de competição tendo se intensificado. Com a distribuição em massa de conteúdos digitais e a consolidação do Brasil como um destino estratégico para grandes eventos internacionais, a exigência pela diferenciação da experiência se tornou ainda mais crucial.
Dessa forma, trazer um grande espetáculo para o país é apenas o primeiro passo na jornada do consumidor. A capacidade de inovar na entrega e criar uma jornada memorável para o fã é o que garante a atração e a retenção do público, transformando a audiência em receita e lealdade de longo prazo.
“Com a proliferação de conteúdos, a gente tem uma necessidade de diferenciação da experiência maior. Seja no futebol ou nos shows, cada vez mais nós vemos os produtores e geradores de conteúdo dispostos a criar esses momentos [únicos para o público]”, destacou o sócio do Grupo Sisu.
Em outro aspecto, a tecnologia e a análise de dados surgem como ferramentas importantes para a segmentação do público e a personalização da oferta. O futuro da experiência esportiva deve ser uma pirâmide. Na base, estarão as entregas mais padronizadas, voltadas para o público em geral, que ainda assim precisam ser de alta qualidade.
Já no topo, o uso de dados permitirá identificar e atender grupos com maior propensão ao consumo. Para essas pessoas, as experiências devem ser elevadas a patamares altíssimos de sofisticação, com serviços customizados e exclusivos que transformam o evento em um momento inesquecível e de altíssimo valor percebido.
“Com a possibilidade de ter grupos dispostos a pagar mais, e tendo a informação de quais grupos são esses, você terá níveis de experiência de sofisticação altíssimos. Mas [também] será necessário, na base da pirâmide, entregas mais padronizadas. Falando com um público maior, você vai desmatando o mercado, de acordo com a propensão do consumo”, disse Mauro Corrêa.
O executivo ainda reforçou que, para os produtores de eventos, a evolução da experiência não se resume apenas a agradar o cliente premium, mas também envolve ganhar vantagens competitivas no mercado. A capacidade de proporcionar momentos diferenciados aos grupos mais sofisticados se torna um fator determinante para conseguir as melhores datas e os espaços mais privilegiados no calendário.
O podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de Mauro Corrêa, sócio-fundador da Golden Goal e sócio do Grupo Sisu, está disponível no canal da Máquina do Esporte no YouTube: