O Flamengo recusará a proposta para a venda de 12,5% de seus direitos comerciais e de mídia, pelo prazo de 50 anos, para a Mubadala Capital.
O fundo soberano com sede nos Emirados Árabes Unidos é parceiro comercial da Liga do Futebol Brasileiro (Libra), grupo idealizado pelo clube rubro-negro e que tenta comandar o processo de criação de uma futura liga responsável por organizar as principais divisões do futebol no país.
A revelação de que o Flamengo não aceitará a proposta apresentada aos clubes foi feita com exclusividade pelo vice-presidente de comunicação e marketing do time carioca, Gustavo Oliveira, em entrevista ao podcast Maquinistas, comandado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez.
“Hoje, o Flamengo considera que as condições apresentadas aos clubes não valem a pena. Nos preocupa ver notícias de que clubes estão fechando contratos de 50 anos. No Flamengo, fizemos os cálculos, as eleições são de três em três anos. Um contrato desses pegaria os próximos 18 presidentes”, afirmou.
Na visão de Oliveira, a parceria com um grande grupo investidor tende a ser benéfica para o futebol, na medida em que aumenta o controle administrativo sobre os clubes. Porém, ele questiona a duração dos contratos e também os valores propostos.
“Em 50 anos, sabemos que esse mercado mudará completamente. Nos últimos dez anos, mudou demais”, ponderou.
LEIA MAIS
EXCLUSIVO: Flamengo e Adidas lançarão modelo popular de camisa em 2024
Flamengo trabalha concessão, mas dirigente sonha em comprar Maracanã
Flamengo prioriza manter BRB como máster, mas também cogita troca por Pixbet
Flamengo espera concluir venda de parte do BRB Nação Fla até o fim deste ano
Em seu argumento, Oliveira fez cálculos rápidos com base em valores e percentuais que têm sido divulgados pela imprensa. Ele citou o exemplo de um clube que aceitasse vender seus direitos comerciais e de mídia por R$ 200 milhões pelo prazo de 50 anos.
“Se você divide pelo período de duração do contrato, dá R$ 4 milhões ao ano. Então, multiplica por cinco para fazer o valuation (já que é 20%) e teremos R$ 20 milhões anuais. São valores muito pequenos para esse mundo espetacular que é o futebol brasileiro”, disse.
O dirigente também lembrou que os termos atualmente propostos aos clubes garantiriam aos investidores muito mais do que os direitos de televisão.
“É muito mais do que isso. Hoje, por exemplo, os direitos de imagem e de marca estão crescendo muito. Imagine o que representa o direito de usar os dados que temos disponíveis no clube, com mais de 60 milhões de seguidores nas redes. Isso possui um valor enorme e, com o tempo, valerá mais ainda”, enfatizou.
De acordo com Oliveira, a Libra conta atualmente com um grupo de nove clubes que negociam em conjunto os direitos de televisão, só que por períodos menores, de três a cinco anos.
“Estamos todos unidos e conversamos semanalmente. Temos avançado. Acredito que, na medida em que a coisa for caminhando, ela irá se espalhar para os demais clubes”, declarou.
Assista à entrevista de Gustavo Oliveira na íntegra no canal da Máquina do Esporte no YouTube: