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Libra deve superar interesses individuais para fortalecer produto coletivo

Durante participação no Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, André Alves, ex-CEO do Remo, defendeu a criação de uma liga única

Remo e Ferroviária se enfrentam em partida válida pela Série B do Brasileirão 2025 - Luis Miguel Ferreira / Ferroviária

A negociação dos direitos de transmissão na Liga do Futebol Brasileiro (Libra) representa um ponto de inflexão decisivo para a saúde financeira dos clubes do grupo. Para as equipes que se encontram fora do eixo das maiores arrecadações, a injeção desse recurso figura como uma condição fundamental para a continuidade das operações e manutenção da competitividade.

No Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, André Alves, ex-CEO do Remo, explicou a importância dos direitos de transmissão para o clube.

“Eu participo de todas as reuniões desde quando o Remo entrou na Libra. Sem esse recurso da Libra, o Remo morre, porque o recurso de TV é de onde vem a principal receita para o clube poder fazer as coisas”, explicou o executivo, que, na data da entrevista, ainda era CEO do Remo. Agora, ele faz parte do conselho da presidência do clube.

O modelo proposto na Libra segue uma lógica de distribuição que tenta equilibrar igualdade e meritocracia. Uma parcela é repartida de forma igualitária entre os participantes e somam-se a ela variáveis baseadas na audiência e no desempenho esportivo.

“O Remo entra na mesma prateleira ali dos 40% que vai igual para todo mundo. Estamos falando em R$ 45 milhões. Aí, você tem os 30% de audiência que é controlado jogo a jogo. Outra parte é performance. Aí, tem os direitos internacionais, tem as placas de publicidade. Então, isso dá algo em torno de R$ 80 milhões para o clube”, detalhou André Alves.

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Discordâncias

Apesar dos benefícios econômicos projetados, a consolidação do bloco enfrenta obstáculos. Os interesses divergentes entre os clubes criam um ambiente de negociação complexo.

O desafio reside em harmonizar a defesa individual de receitas por parte das agremiações com maior torcida, como o Flamengo, com a necessidade de um produto coletivo que fortaleça o grupo como um todo.

“O Flamengo tem o posicionamento dele. A Libra está se defendendo. Acho que a liga tem que ser uma coisa unânime, todo mundo tem que pensar no grupo. Está tendo uma discussão do Flamengo, que acredita que poderia estar melhor representado, mas aí é uma discussão da entidade”, ponderou André Alves.

No entendimento do ex-CEO do Remo, portanto, o futuro da organização do futebol brasileiro depende da superação dessas barreiras e da eventual unificação dos blocos comerciais. 

“Acho que tem que ser uma liga única. Acho que a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] tem que participar, é a entidade maior do esporte, ela tem o poder de ser a centralizadora disso. Futebol dá muito recurso, muita oportunidade. Se todo mundo for pro mercado junto, a coisa funciona. O problema é achar esse equilíbrio”, concluiu o executivo.

O podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de André Alves, ex-CEO do Remo, estará disponível nesta terça-feira (16), a partir das 19h (horário de Brasília), no canal da Máquina do Esporte no YouTube: