A trajetória profissional da consultora de comunicação e marketing Manoela Penna confunde-se com a evolução alcançada pelo esporte olímpico brasileiro, em anos recentes.
Ela teve a oportunidade de atuar nos últimos cinco últimos Jogos Olímpicos de Verão. No Rio 2016, Manoela liderou o trabalho para 14 marcas, incluindo os principais patrocinadores locais do evento, e também para entidades como Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Comitê Organizador.
No Comitê Olímpico do Brasil (COB), Manoela exerceu o cargo de diretora de comunicação e marketing, entre os anos de 2018 e 2021.
Em Tóquio 2020, a profissional atuou como subchefe da missão brasileira nos Jogos. Responsável pela criação do Canal Olímpico do Brasil, plataforma de streaming do COB, ela desenvolveu a estratégia que levou o país à primeira posição em crescimento e engajamento de fãs nas mídias sociais durante o evento realizado no Japão, além de ter dado início ao reposicionamento comercial e de imagem da entidade.
Neste ano, residindo em Paris, França, ela terá a oportunidade de acompanhar de perto mais uma edição do evento esportivo internacional.
Os desafios dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foram um dos principais temas da entrevista concedida por Manoela Penna ao Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, transmitido nesta terça-feira (2), no canal da Máquina do Esporte no YouTube. Posteriormente, o episódio também será disponibilizado em formato de áudio no Spotify.
Na entrevista, a profissional não escondeu sua animação com os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que serão os primeiros a ocorrer fora de um contexto de pandemia, que afetou a organização de Tóquio 2020.
“Aqueles foram os Jogos da pandemia. Muito do que havia sido pensado para o evento precisou ser adaptado. Também foi necessário acelerar as tendências digitais”, avaliou Manoela.
Na visão a consultora, a sustentabilidade deverá ser uma das principais marcas de Paris 2024. “Não apenas ambiental, mas também financeira e esportiva”, afirmou.
Mudança no conceito
Manoela disse acreditar que as inovações trazidas pelos Jogos Olímpicos deste ano poderão impactar o conceito a partir do qual são planejados os grandes eventos esportivos internacionais.
A racionalização dos gastos e dos recursos materiais e humanos é vista, por ela, como um elemento decisivo para essa transformação.
“É fundamental que haja uma mudança, senão poucos poderão receber os Jogos. Imagine se, cada vez que for realizar um evento, você precisar construir dez novas arenas”, ponderou.
A especialista comentou sobre medidas de racionalização de recursos que vêm sendo adotadas nos Jogos de Paris 2024, caso do Centro de Imprensa, que não irá funcionar 24 horas de maneira dedicada, resultando em redução no consumo de energia. Ou mesmo o transporte, que procurará otimizar a oferta de linhas, de modo a atender a um maior número de pessoas ao mesmo tempo, diminuindo os congestionamentos e as emissões de gases causadores do efeito estufa.
A própria alimentação oferecida aos atletas na Vila Olímpica é outro ponto que dialoga com a proposta de sustentabilidade, conforme relatou Manoela. Segundo ela, a organização dos Jogos de Paris 2024 optou por racionalizar a quantidade de comida disponibilizada aos competidores (de modo a evitar desperdício) e reduzir a presença de carne no cardápio. “A alimentação será mais vegetariana e, portanto, mais sustentável”, explicou.
O equilíbrio financeiro para a organização dos eventos foi outro aspecto destacado pela entrevistada. “Sempre fui partidária dos benefícios que os Jogos trazem para uma cidade ou país. Mas, na medida em que você põe na balança bilhões em investimentos, vai precisar se explicar muito mais a respeito dos gastos. Então, Jogos mais equilibrados financeiramente serão mais aceitos pela população”, explicou.
Poder dos atletas
Durante a entrevista, Manoela Penna também comentou sobre as recentes transformações ocorridas na comunicação e no marketing esportivo e como elas poderão impactar os Jogos de Paris 2024.
Na visão da consultora, o evento será fortemente marcado pelas mídias digitais, com os atletas assumindo um papel cada vez mais decisivo para o êxito das estratégias adotadas pelas marcas, assim como para uma maior projeção do próprio evento.
“O atleta é um canal poderoso de comunicação e pode contribuir para o sucesso dos Jogos. A geração que vem aí não quer saber se uma marca tem uma placa instalada no centro de treinamento, mas sim em como aquela organização se relaciona com os atletas”, afirmou.
Na visão dela, investir nesse poder de comunicação dos esportistas pode representar um caminho que, se for corretamente estruturado, pode trazer benefícios tanto a atletas quanto a marcas e entidades esportivas.
“As redes conferiram um grande poder de comunicação aos atletas. Eles podem ajudar a humanizar a experiência de marca e a própria relação das organizações com o público”, disse.
Assista à entrevista completa de Manoela Penna ao Maquinistas, a primeira de 2024, comandada por Erich Beting e Gheorge Rodriguez e transmitida pelo canal do YouTube da Máquina do Esporte: