A busca por patrocinadores e a construção de parcerias duradouras representam um dos maiores desafios para a sustentabilidade das equipes no vôlei brasileiro. Em um mercado competitivo, a exposição de marca em uniformes e placas de publicidade já não é suficiente para atrair e, principalmente, reter investimentos.
Dessa forma, a solução está em adotar uma visão de negócio focada em entregar valor real e personalizado aos parceiros. A opinião é de Anderson Marsili, presidente do Vôlei Guarulhos e convidado do Maquinistas, o podcast da Máquina do Esporte, na última terça-feira (14).
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Com experiência em outras modalidades, o executivo defende que a chave para o sucesso comercial é compreender a fundo os objetivos dos patrocinadores e ir muito além das cláusulas contratuais, transformando o time em uma plataforma de negócios e experiências para os parceiros.
A inspiração para este modelo de gestão vem de ambientes de alta performance e exigência, em que a atenção aos detalhes na relação com os patrocinadores é máxima. Essa mentalidade se traduz em um serviço que vai além da visibilidade, buscando integrar o time nas diversas áreas da empresa parceira, seja em ações de recursos humanos, relacionamento com clientes ou convenções de vendas.
“O automobilismo, principalmente a Fórmula 1, trata o patrocinador nos mínimos detalhes. Hoje, acabou essa história de ‘ah, eu te paguei, coloquei lá a marca e está aparecendo’. Você tem que gerar negócio, tem que gerar envolvimento, tem que ser uma ferramenta para a empresa”, comentou o presidente do Vôlei Guarulhos.
Para que a parceria seja efetiva, é fundamental entender o que cada patrocinador realmente busca. Enquanto uma marca pode precisar de ampla visibilidade midiática, outra pode ter como objetivo criar um ambiente exclusivo para relacionamento com clientes estratégicos. De acordo com Marsili, o papel do clube, nesse modelo, é diagnosticar essa necessidade e desenhar um plano de ativações sob medida para cada patrocinador.
Um exemplo prático dessa estratégia foi a integração com a Vedacit, antiga patrocinadora máster do clube, substituída pela BateuBet para a próxima temporada da Superliga. No Maquinistas, Anderson contou como o time de vôlei se tornou o tema principal da convenção da empresa por três anos consecutivos. Em outra ocasião, uma reunião de executivos da marca foi levada para dentro da quadra, seguida por um treino com os atletas da equipe.
“Eu entrego muito mais do que está lá nas folhas de contrato. Eu entrego muito mais porque eu quero atender ao objetivo do patrocinador para ele falar: ‘valeu muito a pena’ [o patrocínio]”, destacou o dirigente.
Para ele, essa mentalidade de entrega de resultados concretos é o que fortalece a relação e a transforma em uma parceria de longo prazo. O objetivo é fazer com que o patrocinador não apenas veja o retorno sobre o investimento, mas sinta-se parte integrante do projeto, entendendo como o esporte pode ser um ativo valioso para suas próprias metas de negócio.
A consequência direta desse processo é a fidelização. Mesmo com a troca de patrocinadores principais, parceiros menores tendem a permanecer quando percebem que o valor entregue supera o que foi acordado.
“Quer me torturar é alguém falar que patrocinou meu time e não teve resultado. Cara, isso vai me deixar muito frustrado”, finalizou Marsili.
O podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de Anderson Marsili, presidente do Vôlei Guarulhos, está disponível no canal da Máquina do Esporte no YouTube: