Como Michael Jordan tornou-se o primeiro esportista a entrar para a lista da Forbes dos mais ricos dos EUA

Michael Jordan em 1991, ano do lançamento do Air Jordan IV Infrared - Reprodução / Instagram (@jumpman23)

Nos tempos em que brilhava nas quadras da National Basketball Association (NBA), atuando pelo Chicago Bulls (time onde se tornou uma lenda) ou pelo Washington Wizards (já no fim da carreira), Michael Jordan já figurava como um dos atletas mais bem pagos do mundo, não apenas por conta dos salários (que giravam na casa dos US$ 30 milhões ao ano, em seu auge) e patrocínios milionários que recebia, mas sobretudo por conta de sua perspicácia para os negócios.

Hoje, passados 21 anos desde a sua aposentadoria, Jordan continua a faturar alto. Ele se tornou o primeiro esportista da história a entrar para a lista das 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos. O ranking foi divulgado na última terça-feira (8) pela revista Forbes e traz na liderança Elon Musk, proprietário da Tesla, do X (ex-Twitter) e da SpaceX.

Na lista da Forbes, o ex-jogador de basquete ocupa a 385ª colocação, com uma fortuna estimada em US$ 3,5 bilhões (R$ 19,7 bilhões, pela cotação atual).

Boa parte dessa renda bilionária provém da parceria com a Nike, na Jordan Brand. Ele também possui contratos pontuais de patrocínio com diversas marcas, além de ser dono da equipe 23XI Racing (o nome faz referência ao número da camisa que ele utilizava no Chicago Bulls), que compete na Nascar com os carros 23, pilotado por Bubba Wallace, e 45, guiado por Tyler Reddick.

Isso sem contar a participação no Charlotte Hornets, iniciada em 2005, na condição de acionista minoritário. Em 2010, Jordan assumiu o controle da equipe, pagando a quantia de US$ 275 milhões.

Ele permaneceu à frente da franquia até o ano passado, quando concluiu a venda do Charlotte Hornets para o consórcio Dyal HomeCourt Partners, liderado por Gabe Plotkin e Rick Schnall, por US$ 3 bilhões. Apesar disso, os ex-jogador ainda manteve participação minoritária na franquia.

Parceria com a Nike revolucionou o marketing esportivo

Nos últimos tempos, o verbo “revolucionar” tem sido tão usado, a torto e a direito, que se desgastou. Quase sempre que alguém recorre a essa expressão acaba, na verdade, por descrever alguma situação próxima do banal.

No caso de Michael Jordan, porém, a palavra cabe perfeitamente, pois ele foi responsável por revolucionar, de fato, o marketing esportivo na década de 1980, ao firmar uma parceria com a Nike para o lançamento da linha Air Jordan, que até hoje é responsável por agregar milhões à fortuna do ex-jogador.

Em 1984, quando era um jovem astro promissor da NBA, Jordan recebeu propostas de outras duas marcas de materiais esportivos que tinham interesse em patrociná-lo: Adidas e Converse (fabricante do All Star e que hoje é subsidiária da Nike).

Ambas, porém, propunham a abordagem tradicional, que consistia em utilizar a imagem do atleta para promover sua marca e seus produtos. A Nike resolveu ir além, tornando Jordan sócio do negócio. O jogador não seria apenas o rosto responsável por alavancar a venda de itens para alguém, mas sim o dono de sua própria linha exclusiva de calçados.

E já que o propósito era inovar, eles começaram por desafiar as próprias regras da NBA, que determinavam que os tênis usados pelos jogadores deveriam ser predominantemente na cor branca (mínimo de 51%). No Air Jordan, destacavam-se o vermelho e o preto do Chicago Bulls, enquanto o branco ocupava apenas 23% da superfície.

Desobedecer essa norma poderia render uma multa de US$ 5 mil ao atleta. A Nike fez os cálculos e chegou à conclusão de que seria mais lucrativo afrontar a regra.

A marca não só pagou cada multa imposta ao jogador pelo uso do Air Jordan I como ainda lançou um anúncio intitulado “Banned”, que ajudou a criar o ar de controvérsia em torno do tênis, deixando-o em evidência nos meios de comunicação, para muito além do alcance que a publicidade tradicional poderia proporcionar.

Em pouco tempo, 50 mil pares foram vendidos e o Air Jordan I esgotou nas lojas, gerando em torno de US$ 150 milhões em receitas para a empresa.

A partir de 1997, a parceria de Jordan com a Nike se aprofundou, com o lançamento da Jordan Brand, que gerencia os produtos licenciados do atleta, especialmente nos segmentos de vestuário e calçados, com direito a colaborações recorrentes com artistas de renome.

Em 2022, a Jordan Brand ultrapassou pela primeira vez a marca dos US$ 5 bilhões arrecadados em um ano (foram exatamente US$ 5,1 bilhões ou R$ 28,7 bilhões, pela cotação atual). Desse total, entre US$ 150 milhões e US$ 256 milhões foram repassados ao ex-jogador naquele ano como parte do acordo de Jordan com a Nike.

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