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Nike chega ao “meio do caminho” para recuperação com lucro 32% menor no 2º trimestre fiscal de 2026

Marca norte-americana obteve superávit de US$ 792 milhões, com receita estagnada em US$ 12,4 bilhões

Nike Structure Plus foi desenvolvido para combinar estabilidade e conforto para treinos diários e corridas de longa distância - Divulgação / Nike

A Nike divulgou, na quinta-feira (18), o balanço financeiro referente ao segundo trimestre fiscal de 2026, encerrado no dia 30 de novembro). Em momento considerado pelo CEO Elliott Hill como “metade do caminho” para recuperação, marca segue com quedas de lucro.

Apesar de uma receita estagnada em US$ 12,4 bilhões no trimestre, com alta de apenas 1%, o que mais chama a atenção é a queda de 32% no lucro líquido (em comparação com mesmo período do ano anterior), que fechou em US$ 792 milhões. O lucro por ação também caiu na mesma proporção, para US$ 0,53.

As vendas no atacado subiram 8% e chegaram a US$ 7,5 bilhões, enquanto as receitas da Nike Direct, serviço de vendas diretas ao consumidor da marca norte-americana caíram 8%, com baixa ainda mais expressiva, de 14%, no digital. 

No entendimento de Elliott Hill, CEO da Nike desde outubro de 2024, trata-se de um momento de retomada aos trilhos.

“A Nike está na metade da sua recuperação. Estamos progredindo nas áreas que priorizamos e continuamos confiantes nas ações que estamos tomando para impulsionar o crescimento e a rentabilidade de longo prazo de nossas marcas”, ponderou o executivo, que assumiu o lugar deixado por John Donahoe, em comunicado aos investidores.

A China segue sendo uma das maiores dificuldades da Nike. A marca registrou queda de 17% nas receitas na Grande China, mercado que tem visto o crescimento de concorrentes locais como Anta e Li-Ning.

A margem bruta também não evoluiu bem, com queda para 40,6%. De acordo com o diretor financeiro Matthew Friend, a variação é parcialmente consequência de tarifas mais altas na América do Norte, que teriam impactado a eficiência logística e produtiva da Nike.

A armadilha do DTC

A “má fase” da Nike é consequência da estratégia adotada nos últimos cinco anos pelo ex-CEO John Donahoe. A empresa focou agressivamente no modelo direto ao consumidor (DTC, na sigla em inglês) e passou a priorizar as próprias lojas e e-commerce, em detrimento dos parceiros de atacado.

A intenção que acreditava na força de marca da Nike era aumentar o lucro, ao eliminar um intermediário do processo de venda. O resultado, porém, foi perda visibilidade em prateleiras onde o consumidor costuma comparar marcas, o que deixou espaço para empresas em ascensão no mercado, como On Running, Hoka e Brooks.

O equívoco estratégico se somou a uma crise de produto. A marca também tornou-se excessivamente dependente de modelos casuais e voltados ao lifestyle, tendência contrária ao seu DNA ligado à performance esportiva.

“O ano fiscal de 2026 continua sendo um ano de ação por meio do programa ‘Win Now’, incluindo o realinhamento de nossas equipes, o fortalecimento das parcerias, o reequilíbrio de nosso portfólio e a conquista de resultados concretos”, avaliou o CEO Elliott Hill.

“Estamos encontrando nosso ritmo em nossa nova estratégia esportiva e nos preparando para a próxima fase de inovação centrada no atleta em um mercado integrado e de alto nível”, concluiu.