Ao contrário do que pensaria o senso comum, as plataformas de streaming não são um fenômeno das classes sociais com maior poder aquisitivo, nem estão concentradas na Geração Z no Brasil.
Segundo medição da Kantar Ibope Media, que começou a dimensionar o tamanho desse mercado há cerca de um ano, a Classe C é quem mais está conectada ao serviço, cuja faixa etária dominante é de pessoas entre 35 e 49 anos.
“Os dados do Inside Video 2022 mostram alguns indicadores do perfil do consumidor brasileiro no vídeo on-line. O maior consumo está na faixa dos 35 a 49 anos (26%) e de 25 a 34 anos (18%)”, afirmou Adriana Favaro, diretora de desenvolvimento de negócios da Kantar Ibope Media, em entrevista à Máquina do Esporte.
A executiva revelou mais dados surpreendentes a respeito de consumo desse tipo de plataforma audiovisual.
“A classe socioeconômica mais presente é a C (48%), até em função do volume de consumidores, seguida pelas Classes A e B (40%). O estudo mostra também que o preço do fornecedor e um amplo catálogo de filmes e séries são os principais motivos que levam alguém a assinar esse serviço (47%)”, contou a executiva.
Desafios
Um desafio para a Kantar Ibope medir esse tipo de audiência é que o consumo de produtos no streaming é fluido. O assinante pode assistir ao produto audiovisual que quiser, na hora que quiser, dificultando a medição da audiência. Nada, porém, que não possa ser superado com um ajuste às novas tecnologias.
“As discussões com o mercado para a mensuração crossmedia começaram há cerca de cinco anos no Brasil, a partir de nossas contínuas conversas com diversos players do mercado, agências e anunciantes, emissoras de TV, plataformas digitais e de streaming”, disse Adriana.
“Começamos a implantar o Focal Meter, um medidor conectado à rede de wi-fi domiciliar capaz de aferir o consumo de vídeo no domicílio, em 2021, e lançamos, em 2022, o Cross Platform View, que fornece esses dados para os nossos clientes”, acrescentou.
Metodologia
A implantação da metodologia pela Kantar Ibope mostrou ser possível estabelecer como o público brasileiro tem consumido os diversos produtos no streaming.
“A Kantar Ibope Media utiliza uma metodologia comparativa com métricas precisas, e atualmente temos tecnologias complementares para reportar todas as visualizações do Painel 2.0. Os aparelhos Focal Meter estão instalados nos roteadores domésticos, medindo tráfego de internet, e os Peoplemeter DIB 6 identificam a audiência de emissoras lineares”, contou a diretora da Kantar Ibope.
Produto específico
Atualmente, porém, ainda não é possível aferir quantos clientes consomem determinado produto audiovisual, seja filme, série, documentário ou transmissão esportiva ao vivo, que têm sido um trunfo no Brasil por parte de plataformas populares como Amazon Prime Video, YouTube e Star+.
“O Cross Platform View ainda não fornece granularidade sobre um programa específico. Ele avalia o consumo por faixa horária dessas plataformas”, explicou Adriana.
“Pode-se fazer alguma correlação entre um evento, como uma partida de futebol transmitida pela plataforma, por exemplo, e a audiência daquele momento, mas não é possível dizer a audiência exata do evento”, ponderou.
Divisão do bolo
Se tem roubado muito público das transmissões televisivas mais tradicionais, as plataformas de streaming ainda estão longe de dominar a audiência entre o público brasileiro, mesmo considerando que algumas estejam disponíveis gratuitamente, como YouTube e Pluto TV.
“As emissoras lineares de TV (incluindo televisão aberta e fechada) são responsáveis por 79% do tempo de consumo de vídeo em casa, e os serviços de streaming por 21%, de acordo com o estudo Inside Video 2022, lançado pela Kantar Ibope Media em maio passado, com dados do Brasil”
Adriana Favaro, diretora de desenvolvimento de negócios da Kantar Ibope Media