LiveMode quer ser sócia de entidades esportivas

Cazé TV, do apresentador Casimiro Miguel, é uma das propriedades da LiveMode - Reprodução

Agência, consultora, dona de veículo de mídia e, agora, quem sabe, sócia de entidades esportivas. A LiveMode planeja expandir seus tentáculos em todas as áreas relacionadas ao principal ativo do esporte, que é a exploração dos direitos de mídia dos eventos. A revelação foi feita por Leonardo Lenz Cesar, um dos sócios da empresa, em entrevista ao “Meio & Mensagem”.

À publicação, Cesar disse que a ideia é a empresa usar um fundo de investimentos para comprar os ativos das entidades esportivas. Por conta disso, recentemente, General Atlantic e o banco XP compraram uma participação na LiveMode.

A própria transação já mostra essa tentativa da agência de estar em todas as pontas do negócio. A LiveMode é consultora dos clubes da Liga Forte União (LFU), bloco comercial que representa quase todos os clubes da Série B e outros 11 times da Série A do Campeonato Brasileiro. Além disso, XP e General Atlantic contam com participação societária na LFU.

“Essa terceira vertente nasce com acesso ao capital próprio para podermos investir e sermos sócios de entidades esportivas, para elas crescerem mais rápido. Vamos fazer isso usando os elementos que temos, que são ferramentas muito poderosas que geralmente usamos como prestadores de serviço e agora poderemos usar do outro lado, sendo sócios também. Nossa ideia é fazer entre quatro e seis investimentos nos próximos dois anos, e para cada um desses teremos um grupo de pessoas que vão se dedicar exclusivamente a isso. Vamos crescer dessa forma”, afirmou Leonardo Lenz Cesar, na entrevista ao “Meio & Mensagem”.

A “terceira vertente” de crescimento da empresa é o que Cesar considera o próximo passo depois da LiveMode nascer como agência prestando consultoria a detentores de direitos, como Federação Paulista de Futebol (FPF) e Fifa, passando por criar a Cazé TV, que foi a distribuidora de conteúdo das duas entidades, e, agora, chegando ao projeto de virar sócia do esporte.

É a primeira vez que a agência deixa clara a sua participação em todas as pontas do negócio de mídia, que é o mais valioso do esporte. Até então, a LiveMode sempre disse não ter participação além da consultoria a clubes, negando, por exemplo, produzir e distribuir o Paulistão, além de ser gestora dos contratos de mídia e comercial do torneio.

Cesar não abriu quais serão as entidades e os esportes a serem abordados. Mas deu pistas de onde estará o foco de atuação.

“Em termos de propriedade, queremos falar com todo o mercado interessado em esportes. Separamos isso em alguns territórios. Temos oportunidades como ligas de futebol, esportes olímpicos, esportes emergentes e oportunidades fora do Brasil. Sendo sócios, podemos ajudar essas modalidades e entidades a produzirem conteúdo tanto ao vivo quanto não ao vivo, a distribuir esse produto através de diversas plataformas e gerar inteligência para essa distribuição e na forma como geramos receita, principalmente na venda de direitos e no patrocínio. Tudo isso, sendo sócios”, declarou.

A ideia é fazer um modelo parecido ao que aconteceu na Liga Forte União, em que os clubes, precisando de dinheiro no curto prazo, se desfizeram de 20% de seus direitos de mídia da Série A do Campeonato Brasileiro por 50 anos a um valor que equivale, hoje, a menos de 5% do total do contrato que existe com a Globo.

“Serão investimentos a longo prazo. Não queremos fazer acordos de 5, 10 anos, e sim acordos de 50 anos. É um projeto que tende a ser longo, pois são ideias próprias. Além disso, queremos fazer, ao longo desses dois anos, entre quatro e seis investimentos. Já temos conversas avançadas para algumas oportunidades e esperamos poder anunciar esse ano”, disse o executivo.

A sociedade entre empresas de mídia e esporte tem se tornado mais comum nos últimos anos, mas está longe de englobar as grandes propriedades esportivas. As principais ligas esportivas geralmente possuem uma gestão própria de seus direitos, como Comitê Olímpico Internacional (COI), NFL, NBA e Premier League, ou repassam para agências internacionais essa negociação, como Fifa, Uefa e Conmebol.

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