Pular para o conteúdo

O que a compra da Warner Bros. Discovery pela Netflix altera na mídia esportiva

Acordo de US$ 82,7 bilhões foca em streaming e estúdios, enquanto marcas como TNT Sports e Eurosport estarão em nova divisão

Evento da Warner Bross. Discovery para anunciantes nos EUA - Reprodução/Instagram @wbd

Evento da Warner Bross. Discovery para anunciantes nos EUA - Reprodução/Instagram @wbd

A Netflix firmou um acordo de US$ 82,7 bilhões para adquirir os negócios de estúdio e streaming da Warner Bros. Discovery (WBD).

A transação, com previsão de ser concluída em 2026, traz implicações diretas para o mercado de direitos de transmissão e mídia esportiva, uma vez que desenha uma separação clara entre o entretenimento on-demand e as operações de transmissão linear de esportes ao vivo.

“O anúncio de hoje combina duas das maiores empresas de narrativa do mundo para levar a ainda mais pessoas o entretenimento que elas mais amam assistir”, analisa David Zaslav, executivo-chefe da WBD.

“Por mais de um século, a Warner Bros. emocionou o público, capturou a atenção do mundo e moldou nossa cultura. Ao nos unirmos à Netflix, garantiremos que pessoas em todos os lugares continuem a desfrutar das histórias mais ressonantes do mundo pelas próximas gerações”, completa.

Esportes

O contrato estabelecido não inclui o braço de transmissão da WBD, que passará por um processo de cisão (spin-off) para formar uma divisão separada. Os ativos esportivos e de notícias serão abrigados na Discovery Global Networks.

Esta nova empresa controlará a TNT Sports nos Estados Unidos, Reino Unido e América Latina (incluindo o Brasil), além do Eurosport, no Reino Unido.

A Discovery Global Networks também manterá sob sua gestão a CNN, o Bleacher Report (site sobre esporte e cultura esportiva), além de diversos outros canais de TV paga e aberta ao redor do mundo, retendo ainda o serviço de streaming Discovery+.

Juntos, podemos dar ao público mais do que eles amam e ajudar a definir o próximo século de narrativa”

Ted Sarandos, co-CEO da Netflix

Assim, enquanto a Netflix amplia sua presença em produções e séries, a Discovery Global Networks seguirá como player relevante na negociação de direitos esportivos, especialmente em futebol, basquete e eventos olímpicos.

O capitão Marquinhos, do PSG, com o troféu da Champions - Reprodução / Instagram @psg
Direitos esportivos, como da Champions League no Brasil, ficarão com a Discovery Global Networks – Reprodução / Instagram (@psg)

Estratégia

Enquanto a nova entidade foca no linear e no esporte, a Netflix se comprometeu a dar continuidade às operações de entretenimento da WBD, incluindo a plataforma HBO Max.

“Nossa missão sempre foi entreter o mundo”, destaca Ted Sarandos, co-CEO da Netflix.

“Ao combinar a incrível biblioteca de programas e filmes da Warner Bros – de clássicos atemporais como Casablanca e Cidadão Kane a favoritos modernos como Harry Potter e Friends – com nossos títulos que definem a cultura, como Stranger Things, KPop Demon Hunters e Round 6, seremos capazes de fazer isso ainda melhor”, completa o executivo.

O objetivo da gigante do streaming é fortalecer seu negócio com uma ampla biblioteca de conteúdo, novas capacidades de produção e a possibilidade de oferecer uma gama maior de faixas de preço aos consumidores.

Concorrência

A WBD havia se colocado à venda em outubro, observando que recebeu interesse não solicitado de múltiplas partes. Entre os interessados estavam a Comcast e a Paramount.

No contexto dos direitos esportivos, a proposta da Paramount diferia significativamente do negócio fechado com a Netflix.

A oferta da Paramount contemplava todo o negócio e teria resultado em uma fusão significativa de ativos de transmissão esportiva, ao contrário do modelo fatiado adotado pela Netflix, que optou por separar as operações de mídia linear, deixando fora de seu escopo o jornalismo e os eventos esportivos ao vivo.

A transação entre Netflix e Warner Bros. Discovery ainda precisa passar por análise de órgãos reguladores em diferentes mercados. O processo inclui avaliação de concorrência e possíveis impactos sobre consumidores e parceiros comerciais. Somente após a conclusão dessas etapas, previstas para o próximo ano, o negócio poderá ser oficialmente validado e implementado.