O avanço da inteligência artificial (IA) acelerou uma transformação silenciosa, mas profunda, no ecossistema da mídia esportiva. Com a queda global de pageviews (número total de vezes que a página de um site é carregada ou acessada) provocada pela ascensão dos resumos automáticos nos mecanismos de busca e pela perda de relevância do tráfego orgânico (levando até a dona da revista Rolling Stone a processar o Google por resumo de IA no buscador), portais que antes viviam de cliques agora buscam novas formas de permanecer relevantes. E o caminho mais promissor tem sido o de se aproximar, literalmente, do jogo.
Dois movimentos recentes simbolizam essa virada de chave. O Front Office Sports (FOS) firmou um acordo inédito com a NFL e passou a ter direitos exclusivos de bastidores de eventos, como o Super Bowl e o Draft, além do uso oficial das propriedades da liga (leia mais). Mais do que uma pauta privilegiada, trata-se de um novo modelo de negócio, em que o veículo se torna parte do produto que cobre, conectando marcas, fãs e anunciantes sob uma mesma narrativa, dentro de um contexto que cresce a olhos vistos: o de que o torcedor também está cada vez mais interessado no que acontece fora de campo, o que abrange temas como patrocínios, acordos de mídia, etc. É algo, inclusive, que a Máquina do Esporte já trabalha com grandes competições, como o Rio Open e o Vivo Rio Pro, da World Surf League (WSL), por exemplo.
Antes, a tradicional Sports Illustrated (SI) já havia fechado um contrato de naming rights de 13 anos com o New York Red Bulls, time que disputa a Major League Soccer (MLS), rebatizando o estádio da equipe para Sports Illustrated Stadium (leia mais). O acordo leva a marca para dentro da experiência esportiva, com iniciativas que incluem blockchain para a venda de ingressos e ativações diretas com torcedores em um movimento inédito, que consolida o portal não só como mídia, mas como agente comercial e tecnológico dentro da própria indústria esportiva.
Esses exemplos revelam uma tendência clara: os portais de esporte estão deixando de apenas contar histórias para começar a construí-las. Diante das várias alterações do comportamento de consumo de conteúdos digitais, a sobrevivência e o crescimento passam por diversificar atuações e receitas, participando ativamente das engrenagens que movimentam o esporte, e não apenas observando de fora.
O conteúdo desta publicação foi retirado da newsletter semanal Engrenagem da Máquina, da Máquina do Esporte, feita para profissionais do mercado, marcas e agências. Para receber mais análises deste tipo, além de casos do mercado, indicações de eventos, empregos e mais, inscreva-se gratuitamente por meio deste link. A Engrenagem conta com uma nova edição todas as quintas-feiras, às 9h09.