A Warner Bros. Discovery (WBD) está separando sua operação de conteúdo e streaming de sua divisão de transmissões esportivas, em uma mudança que divide a TNT Sports da HBO Max nos EUA.
A reestruturação será concluída em meados de 2026, com o atual diretor-executivo, David Zaslav, liderando o braço “Streaming & Studios”, enquanto o atual diretor financeiro, Gunnar Wiedenfels, comandará a divisão “Global Network”.
A mudança foi estruturada para liberar dividendos aos acionistas, concedendo maior clareza sobre o valor de cada negócio, que foi ampliado significativamente por meio de várias fusões e aquisições nas últimas duas décadas e meia.
Embora o negócio de TV linear da WBD gere atualmente mais receita do que as atividades de streaming, seu futuro a longo prazo está ameaçado pela queda na audiência, que impacta na receita de assinaturas, nas taxas de transmissão e nas verbas publicitárias.
Rentabilidade
A intenção de dividir os negócios é deixar a WBD e seus investidores mais preparados e menos expostos ao declínio de arrecadação de determinados segmentos do conglomerado.
“O significado cultural desta grande empresa e as histórias impactantes que ela trouxe à vida por mais de um século tocaram inúmeras pessoas em todo o mundo. É um legado precioso que continuaremos com orgulho neste próximo capítulo da nossa história”, afirmou David Zaslav.
“Ao operar como duas empresas distintas e otimizadas no futuro, estamos capacitando essas marcas com o foco mais preciso e a flexibilidade de que precisam para competir com mais eficácia no cenário de mídia em constante evolução dos tempos atuais”, acrescentou o executivo.
Futuro
A divisão levanta questões sobre o futuro da TNT Sports, cujo portfólio foi significativamente enfraquecido pela perda dos direitos da NBA nos EUA a partir da próxima temporada.
Com a TNT Sports e a Bleacher Report alocadas na divisão “Global Networks”, a HBO Max não será mais o lar digital padrão para sua cobertura esportiva ao vivo, e as aquisições não serão mais motivadas pela necessidade de atrair assinaturas para o serviço de streaming.
Zaslav disse que o esporte não foi um “verdadeiro impulsionador” das assinaturas da HBO Max e confirmou que as decisões futuras sobre os direitos esportivos seriam tomadas de forma independente pela divisão “Global Networks”, que teria liberdade para garantir acordos de transmissão digital com outras plataformas.
O portfólio da TNT Sports nos EUA inclui as finais do torneio universitário masculino, o March Madness, da NCAA (basquete), a MLB (beisebol), a NHL (hóquei no gelo) e Roland Garros (tênis), além de torneios internacionais de futebol.
Fora dos EUA, a oferta de esportes da WBD será mantida dentro da divisão de “Streaming & Studios”, garantindo que o conteúdo da Eurosport e da TNT Sports no Reino Unido e na América Latina continue disponível por meio de canais lineares e digitais. Isso porque o esporte é considerado um componente essencial da HBO Max e do Discovery+ na Europa e na América Latina.
Concorrência
A divisão da WBD é a mais recente reestruturação em um mercado de mídia nos EUA que ainda luta contra o declínio do número de lares com TV paga e a mudança para a distribuição digital.
A Comcast também desmembrou suas redes de TV a cabo, incluindo MSNBC, CNBC, USA Network e Golf Channel, da NBCUniversal, que continua a operar a rede NBC e as emissoras de TV, além do serviço de streaming Peacock.
No entanto, diferentemente da operação de estúdios e streaming da WBD, a NBCUniversal manteve uma divisão de esportes, destacando a importância crescente do segmento ao vivo para o Peacock em comparação à HBO Max.
A Versant, divisão de TV a cabo e digital da Comcast, terá que estabelecer sua própria estratégia esportiva independente. A empresa já deu indicações para isso, com conversas com a MLB e a NWSL (liga nacional feminina de futebol dos EUA) na tentativa de atrair audiência e gerar receita com transmissões esportivas. Caso efetive esses direitos, seria mais um concorrente direto da divisão “Global Networks”, da Warner.
Enquanto isso, a Disney pagou à Comcast US$ 439 milhões para assumir o controle total da plataforma de streaming Hulu, abrindo caminho para uma integração mais profunda com o Disney+ e a futura plataforma DTC (direto ao consumidor, na sigla em inglês) da ESPN, que deve ser lançada em setembro.