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Com Diogo Moreira e prova em Goiânia, 2026 ganha peso estratégico para a MotoGP no Brasil

Primeiro ano da categoria sob o guarda-chuva da Liberty Media também promete maior monetização, maior audiência e aumento do valor de marca

Diogo Moreira conquistou o título da Moto2 na temporada 2025 - Reprodução / Instagram (@diogomoreira_10)

O ano de 2026 promete ser marcado por uma expansão ainda maior do interesse do público e também do segmento comercial para a MotoGP, principalmente no Brasil. Depois de mais de duas décadas de um vai e volta, o país voltará ao centro da competição: teremos o retorno de uma etapa do campeonato em solo brasileiro e novamente um piloto nacional na principal categoria do motociclismo mundial.

O GP do Brasil voltará ao calendário a partir de 2026, com uma prova em Goiânia (GO), no Autódromo Internacional Ayrton Senna, depois que a Dorna Sports, detentora dos direitos comerciais da MotoGP, e o governo de Goiás assinaram um contrato com duração de cinco anos. Essa extensão sinaliza um compromisso de médio prazo com o mercado brasileiro. A última corrida da categoria no país ocorreu em 2004, no extinto Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ).

Para melhorar, a volta da MotoGP também coincide com a entrada de Diogo Moreira na categoria. Campeão da Moto2 em 2025, o piloto encerrará um intervalo de 19 anos sem representantes brasileiros na elite do motociclismo e será determinante para a formação do interesse local: quando não temos um compatriota para torcer no esporte, o engajamento fica menor e mais espaçado (como pôde ser visto nos “períodos de seca” na Fórmula 1 e no tênis, interrompidos por Gabriel Bortoleto e João Fonseca). Diogo, inclusive, já chega à MotoGP atraindo interesse do público e das marcas. São mais de 240 mil seguidores no Instagram e parcerias com marcas como Estrella Galicia 0,0 e Yamaha.

2026: Primeiro ano da MotoGP sob o guarda-chuva da Liberty Media

O ano que vem também marca a primeira temporada da categoria totalmente sob o guarda-chuva da Liberty Media, após a aquisição da Dorna por cerca de € 4,2 bilhões, em julho. O controle majoritário coloca a MotoGP dentro do Formula One Group e reforça a leitura de que existe espaço para ampliar monetização, audiência (que já é majoritariamente jovem, com concentração entre 18 e 34 anos) e valor de marca em um campeonato que já operava com receitas relevantes, estimadas em até US$ 1,2 bilhão.

A volta ao Brasil se insere justamente nessa estratégia mais ampla de expansão e consolidação global. O calendário da MotoGP combina múltiplas etapas na Europa, presença reforçada na Ásia, com mercados-chave como Japão e Indonésia, e passagens estratégicas pelas Américas e pelo Oriente Médio. Para as marcas, a competição é um ativo com presença global, mas capaz de fazer adaptações locais, especialmente em países onde a cultura das duas rodas é mais enraizada.

Com a Liberty no comando, a tendência é se aprofundar no storytelling, formatos pensados para TV e streaming, experiências de entretenimento e uso mais sofisticado de dados, algo que a empresa já vem fazendo muito bem desde que adquiriu a Fórmula 1 em 2016. O desafio passa a ser equilibrar essa lógica de produto global com uma base de fãs tradicionalmente mais “core” do que a da Fórmula 1, e preservar a autenticidade enquanto se busca uma escala maior.

Para o Brasil, a combinação entre o retorno da competição, a presença de um piloto nacional e uma estratégia global de ao menos médio prazo cria uma empolgação com a MotoGP, para que a categoria se torne mais um grande produto esportivo e de entretenimento no país.

O conteúdo desta publicação foi retirado da newsletter semanal Engrenagem da Máquina, da Máquina do Esporte, feita para profissionais do mercado, marcas e agências. Para receber mais análises deste tipo, além de casos do mercado, indicações de eventos, empregos e mais, inscreva-se gratuitamente por meio deste link. A Engrenagem conta com uma nova edição todas as quintas-feiras, às 9h09.