O futebol americano está em alta no Brasil. Às vésperas do primeiro jogo da National Football League (NFL) no país, uma pesquisa do Ibope Repucom apontou que o esporte atingiu sua alta histórica de interesse, com crescimento de 310% nos últimos dez anos.
Os dados coletados pelo Sponsorlink, pesquisa sobre hábitos, perfil, atitudes, consumo de meios e comportamento de compra entre fãs de esportes, revelou que 35% da população conectada do Brasil se declara fã de futebol americano, o que corresponde a 41 milhões de pessoas. O estudo considera um universo de internautas brasileiros com 18 anos ou mais das cinco regiões do país, que representa 117,2 milhões de indivíduos.
Em 2014, a modalidade despertava o interesse em 18% dos brasileiros, o equivalente a 10 milhões de pessoas à época. Portanto, o futebol americano conquistou 31 milhões de novos fãs em 10 anos.
NFL no Brasil
Com esta crescente, a NFL escolheu o Brasil para ser a sede de um dos seus jogos internacionais da temporada 2024/2025. Na sexta-feira (6), a liga fará seu primeiro jogo em terras verde e amarelas, na Neo Química Arena. Green Bay Packers e Philadelphia Eagles se enfrentarão no gramado do estádio do Corinthians, a partir das 21h15 (horário de Brasília).
“O jogo é como o nosso Super Bowl no Brasil e vamos comemorar e aproveitar. E, novamente, é a primeira semana. Ter o jogo é apenas o começo do potencial que o Brasil tem”, disse Luis Martinez, diretor-geral da NFL no Brasil, em entrevista à Máquina do Esporte.
“O Brasil é tão relevante para a liga, primeiramente, porque a expansão internacional é uma prioridade fundamental para o negócio. Estamos comprometidos em trazer mais territórios, idiomas e estruturas. Definitivamente é o caminho para nos tornarmos esta liga global que esperamos ser”, acrescentou.
O evento tem sido amplamente explorado por diversas marcas. Renner, New Era, Centauro, Budweiser, Turma da Mônica, Visa, Perdigão e Beats, entre diversas outras, aproveitaram a oportunidade para ações publicitárias.
“O primeiro evento oficial da NFL no Brasil reafirma o prestígio do nosso mercado no cenário esportivo internacional e oferece às marcas uma oportunidade de se conectarem com um público profundamente apaixonado”, avaliou Danilo Amâncio, coordenador de marketing do Ibope Repucom.
“Participar deste momento é uma chance de se posicionar estrategicamente em um mercado em constante crescimento. Por meio de ativações e experiências, as marcas poderão fortalecer seus laços com os fãs, transformando a visibilidade em um relacionamento relevante e duradouro, construindo um legado que vai além do dia do jogo”, seguiu o executivo.
Mudança de perfil
Nos últimos dez anos, o perfil dos interessados por futebol americano mudou. Em 2014, a maior parte do público do esporte no Brasil era composta por homens, com entre 18 e 29 anos.
Com o passar dos anos, o futebol americano se aproximou do público feminino. Em 2024, a participação entre homens e mulheres é quase igualitária. A maior concentração de público passou a ser de indivíduos com entre 30 e 39 anos, com a parcela de fãs de renda alta sendo cerca de 20% maior do que a média da população conectada.
“Além do jogo, também estamos tendo a presença de cada ativação no Brasil, significando uma oportunidade para nos envolvermos com os fãs e uma oportunidade que temos para atrair novos fãs, novas gerações, mulheres”, ressaltou Luis Martinez.
“O esporte tem atraído uma base de fãs cada vez mais diversa, com uma participação mais equilibrada entre os gêneros e uma representatividade significativa de públicos com maior poder aquisitivo”, destacou Gabriella Giamundo, gerente de desenvolvimento de negócios do Ibope Repucom.
Atividades físicas
Os fãs de futebol americano também possuem maior interesse na prática de atividades físicas. A pesquisa revelou que os interessados pelo esporte são 15% mais ativos em comparação com a população conectada.
O grupo supera a média da população na prática de modalidades como natação e ciclismo, mas tem o futebol e a musculação como suas atividades preferidas. Este fato expande as possibilidades de ativações e criação de experiências por parte de marcas interessadas no futebol americano e na NFL.
Videogame
O estudo do Ibope Repucom também identificou uma forte aproximação dos fãs de futebol americano com os videogames, com dois terços do público os adotando frequentemente como atividade de lazer.
Para efeito de comparação, o índice é semelhante ao observado no público fã de e-Sports, modalidade que naturalmente envolve uma afinidade com esse universo.
O futebol americano possui presença consolidada nos videogames. O esporte conta com duas franquias produzidas pela EA Sports, mesma produtora responsável pelo EA FC (antigo Fifa): Madden (da NFL) e College Football (focado no futebol americano universitário).
Consumo de informações
Os fãs de futebol americano também se destacam no consumo de informações, com um terço do público buscando conteúdo sobre o esporte pelo menos duas vezes por semana.
Entre os 30 esportes analisados pelo Sponsorlink, o futebol americano está entre os cinco em que os fãs buscam informações com maior frequência.
A tendência entre este público é a procura por canais especializados, com um consumo 20% maior de TV paga do que a média da população conectada. Considerando apenas os consumidores da televisão fechada, o acesso a canais esportivos é 10% maior entre os fãs de futebol americano.
A tendência pode estar relacionada com o fato de que no Brasil a NFL é transmitida e debatida majoritariamente pelos canais fechados ESPN. O perfil dos fãs, de renda alta, também pode ter influência.
Digital
Ainda que viva uma crescente no Brasil, o futebol americano não possui um grande desempenho digital. Em suas redes sociais dedicadas ao público Brasileiro (TikTok, Instagram, X e YouTube), a NFL acumula 2,8 milhões de seguidores. A NBA (liga norte-americana de basquete), por exemplo, possui 3 milhões de inscritos apenas em seu perfil no Instagram.
Considerando seus perfis dedicados ao Brasil, a NFL se destaca no TikTok, onde possui 1,5 milhão de seguidores. A liga conta com 921 mil no Instagram, 290 mil no X e apenas 75 mil no YouTube.
“Também estamos buscando atrair novos públicos por meio de conteúdo, redes sociais e novos produtos. Temos o NFL Pick’em, um produto casual para os fãs aproveitarem, bem básico, mas também temos o fantasy para aqueles que estão mais imersos na NFL”, lembrou Luis Martinez, diretor-geral da NFL no Brasil.
As equipes da NFL não demonstram grande interesse na presença digital no Brasil. Das 32 franquias que disputam a liga, apenas duas possuem perfis dedicados ao público brasileiro.
O New England Patriots, que por 19 anos foi a equipe de Tom Brady, considerado por muitos o melhor jogador da história da NFL e ex-marido da brasileira Gisele Bündchen, conta com 54 mil seguidores (Instagram e TikTok). O Miami Dolphins tem 20 mil seguidores acumulados no Instagram e X. A cidade-sede da franquia é um dos princpais destinos turísticos dos brasileiros que viajam aos EUA.