Maior liga esportiva dos Estados Unidos, a National Football League (NFL) está bem perto de atingir uma meta de faturamento antes vista como ousada e que foi estipulada há mais de uma década pelo comissário Roger Goodell.
Em 2010, quando a organização esportiva divulgou um resultado anual de US$ 8 bilhões, o executivo “profetizou” que, até 2027, as receitas da NFL alcançariam a marca de US$ 25 bilhões (R$ 147 milhões, pela cotação atual).
Ao que tudo indica, a meta tem chance de ser batida antes do prazo estipulado. Segundo informações divulgadas nesta semana pelo site norte-americano Sports Business Journal, as receitas da NFL foram de US$ 23 bilhões (R$ 135,7 bilhões) no ano fiscal de 2024, que se encerra neste mês nos Estados Unidos.
De acordo com a publicação, os números teriam sido informados aos proprietários e executivos das franquias pela diretora financeira da NFL, Christine Dorfler, em reunião realizada no último mês.
Com esse resultado, cada franquia da NFL receberá US$ 416 milhões (R$ 2,45 milhões), referentes às receitas compartilhadas de transmissão, patrocínio e licenciamento.
Isso equivale a um aumento de 8,9% em comparação ao ano passado, quando cada time ganhou US$ 382 milhões (R$ 2,25 bilhões) da NFL.
O aumento no faturamento da Liga é impulsionado pelos acordos de direitos de transmissão domésticos, que hoje rendem US$ 12 bilhões (R$ 70,8 bilhões) ao ano.
Além de manter parceiros tradicionais de mídia, como NBC, ESPN, Fox e CBS, a NFL conseguiu agregar novas plataformas com pacotes no streaming, como Netflix, YouTube TV e Amazon.
Os acordos comerciais e de licenciamento também contribuem para o crescimento. Atualmente, a NFL conta com 40 marcas parceiras, incluindo Sony, Accenture e Applebee’s, que chegaram durante o ano fiscal de 2024.
Mais partidas e internacionalização
Apesar desse aumento considerável nas receitas, Christine Dorfler disse aos executivos que, na sua visão, o cenário financeiro tende a ser desafiador. Isto porque a NFL entra agora no terceiro ano de seu contrato de direitos de transmissão.
Segundo o Sports Business Journal, a diretora financeira da Liga acredita que será difícil obter um crescimento acentuado no faturamento, sem que “algo grande” aconteça nos próximos meses.
A fala pode ser um tanto exagerada, já que, se o crescimento das receitas caísse para menos da metade desses 8,9% registrados no último ano fiscal, ainda assim a organização bateria a meta definida por Goodell, já em 2026.
Em todo caso, executivos e proprietários das franquias têm pressionado para que a NFL institua um 18º jogo na temporada regular, a partir do próximo verão no Hemisfério Norte, que terá início em dezembro. Essa rodada adicional é vista pelos investidores como uma oportunidade para ampliarem o faturamento.
Outra esperança reside na crescente internacionalização da Liga, que tem realizado cada vez mais partidas fora dos Estados Unidos. O Brasil, por exemplo, receberá em 2025 o segundo jogo da temporada regular da NFL na história, entre Los Angeles Chargers e um adversário ainda a ser definido.
A partida será no dia 5 de setembro, na Neo Química Arena, em São Paulo (SP). No ano passado, o estádio do Corinthians já havia sediado o primeiro jogo da NFL em território sul-americano, entre Green Bay Packers e Philadelphia Eagles.
A NFL deverá realizar até sete jogos fora dos Estados Unidos neste ano. Além do Brasil, haverá jogos em Londres (três no total), assim como em Berlim, Dublin e Madri, com uma partida cada.
Contratos de mídia e Los Angeles 2028
Um fator que pode ajudar a turbinar as receitas da NFL é a cláusula contratual que permite à organização sair dos atuais acordos de mídia a partir de 2029, podendo negociar condições ainda mais vantajosas para seus já lucrativos direitos de transmissão.
Os contratos hoje em vigor são válidos até 2033, mas Goodell já declarou que considera essa janela de 2029 uma oportunidade “incrivelmente valiosa” para a NFL.
A Liga também analisa a ideia de lançar um pacote separado de direitos de transmissão dos jogos internacionais, que poderia render, inicialmente, até US$ 1 bilhão (R$ 5,9 bilhões) ao ano.
Nesse caso, haveria a possibilidade inclusive de a NFL ampliar ainda mais sua presença em outros mercados, com um total de 16 jogos realizados no exterior.
Os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028 representam outro campo promissor para a organização.
Isto porque o evento marcará a estreia do flag football (modalidade do futebol americano, sem contato físico intenso) como esporte olímpico.
No início deste mês, dez empresas (incluindo a da estrela do tênis Serena Williams) responderam a um pedido de propostas da NFL, manifestando interesse em investir e operacionalizar a criação de uma liga de flag football.
Uma eventual competição da modalidade, especialmente com atletas mulheres, é vista por alguns proprietários como uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.
“Eles estão vendo o que está acontecendo com a NWSL e a WNBA. E é como, espere um segundo, por que desistiríamos disso? Se não o possuímos, é melhor desenvolvê-lo e criar uma propriedade, e acho que é isso que você vai ver”, disse Mark Donovan, presidente do Kansas City Chiefs.