A Adidas apresentou na última semana uma proposta de R$ 350 milhões por dez anos de contrato com o Flamengo. O projeto para assumir o fornecimento de materiais esportivos do clube, existente desde o ano passado e revelado pela Máquina do Esporte em novembro de 2011, porém, sofreu algumas alterações.
O projeto inicial da empresa alemã era pagar a multa rescisória que o clube tem em contrato com a Olympikus, atual responsável pela função, e passar a ser o fornecedor a partir daquela data. Agora, porém, após conversas com a própria fabricante brasileira, a ideia é que o contrato passe a valer a partir de 1º de janeiro de 2015.
Na última segunda-feira, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, se reuniu com Pedro Grandene, presidente da Vulcabras/Azaleia, dona da marca Olympikus. Na reunião, além de debater sobre alguns termos referentes ao atual contrato, a dirigente entregou a Grandene a proposta da Adidas.
Agora, a Vulcabras tem até o início de setembro para responder sobre a proposta da Adidas. O contrato é de R$ 35 milhões ao ano entre fornecimento de material esportivo, premiações e um montante fixo por mês. Segundo apurou a Máquina do Esporte, o Flamengo deve receber cerca de R$ 23 milhões fixos anualmente, sendo os demais R$ 12 milhões divididos entre material (R$ 8 mi) e premiações (R$ 4 mi).
“Esse talvez seja o primeiro caso no Brasil em que o gerenciamento de um contrato de fornecimento de material esportivo é feito de forma profissional tanto pelo clube quanto pela empresa que demonstra interesse em patrocinar”, disse à Máquina do Esporte Tullio Formicola Filho, diretor de marketing da Vulcabras/Azaleia e responsável pela gestão do acordo da Olympikus com o Flamengo.
O executivo celebra o fato de que a Adidas preferiu respeitar o atual contrato em vigência com a Vulcabras em vez de optar pelo pagamento da multa rescisória.
“Essa é uma prática comum na Europa e nos Estados Unidos. Um ano antes o clube ou a liga avisam que vão trocar o fornecedor do material esportivo. Por aqui, essa é a primeira vez que vejo alguma coisa nesse gênero”, completou Formicola.
Curiosamente, a própria entrada da Olympikus do Flamengo foi feita sem ser respeitado o contrato com o antigo parceiro. Inicialmente, o clube tentou romper o acordo que tinha com a Nike para a entrada da fabricante brasileira, com uma proposta cerca de três vezes maior. O Flamengo chegou a entrar em campo com uma camisa-tampão, sem a marca da Nike e com três pontos de interrogação no lugar do símbolo da Olympikus, numa ação prévia de lançamento da parceria.
A discussão foi parar na Justiça, e a fabricante americana conseguiu manter o acordo até seu término, em julho de 2009. Desde então, a Vulcabras passou a fornecer o material esportivo, após uma concorrência realizada pelo Flamengo e que teve a Olympikus como única concorrente.
A oferta da Adidas permanece a mesma desde novembro de 2011, quando a Máquina do Esporte antecipou que a fabricante alemã pretendia pagar R$ 350 milhões por um período de dez anos para a equipe rubro-negra (leia mais ao final da reportagem). À época, o negócio estava sendo costurado sem o conhecimento da Olympikus, tanto que, após reunião entre Formicola e Patrícia Amorim, o clube divulgou nota negando que havia tido conversas com a fabricante alemã.
Diferentemente do que publicou a Máquina do Esporte em novembro passado, porém, o responsável por intermediar as conversas com a Adidas não é a Traffic, e sim Carlos Peixoto, ex-diretor de futebol flamenguista, e Harrison Baptista, ex-diretor de marketing do clube e que à época era funcionário da Traffic. A dupla tem feito o meio-campo entre o Flamengo e a matriz da Adidas na Alemanha. Tudo tem sido costurado por meio da filial da fabricante na América Latina, cuja sede fica no Panamá.
As tratativas com a fabricante estrangeira já acontecem desde o fim do ano passado, mas tinham emperrado nas relações existentes entre a Vulcabras e o Flamengo e até com a Adidas. Além da multa rescisória prevista no contrato, de cerca de R$ 30 milhões, pesou o fato de as duas empresas de material esportivo serem sócias no país. As duas empresas possuem uma joint venture que é responsável pela gestão da marca Reebok no país.
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