A África do Sul concluirá neste domingo o maior projeto de reposicionamento de marca de sua história. Mais do que fatores tangíveis, como estádios ou obras na infraestrutura do país, a Copa do Mundo de 2010 foi usada como ponto alto em um processo de reconstrução da imagem do país depois da democratização política e racial.
“Construímos uma nova imagem para o país, e isso é algo que seria impossível sem a força de um evento como a Copa do Mundo. A competição mudou totalmente a imagem que as pessoas têm do nosso país e mostrou uma democracia não-racial que oferece oportunidades iguais a todas as pessoas. O olhar sobre nós mudou”, opinou Danny Jordaan, diretor-executivo do comitê organizador local (COL) do torneio de futebol.
O uso do esporte para reposicionar a imagem do país não é novidade na África do Sul. Em 1995, um ano depois de a região ter realizado suas primeiras eleições livres e multirraciais, houve a Copa do Mundo de rúgbi.
A relação da África do Sul com o rúgbi, contudo, é completamente diferente do futebol. O país foi banido da Fifa na década de 1970 por conta de seu regime de segregação racial, que perdurou até 1990. Também foi afastado de competições internacionais pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), mas continuou participando de torneios de rúgbi.
Por ter continuado em “mbito internacional durante o período do apartheid e por ser majoritariamente uma modalidade praticada pela elite branca, o rúgbi foi usado explicitamente pelo governo de Nelson Mandela, grande artífice da luta contra o regime de segregação, que havia sido eleito presidente em 1994.
Em 1995, Mandela usou o rúgbi como símbolo de união nacional. Mas também aproveitou a Copa do Mundo para divulgar a nova imagem de um país livre e democrático.
A situação é diferente agora. A África do Sul não precisa mais se livrar da pecha de preconceito e segregação que a acompanhou, mas ainda carecia de outra mudança na imagem. A Copa do Mundo de futebol faz parte desse contexto, e exerce papel fundamental na divulgação de um país desenvolvido, com grande capacidade de receber turistas.
“Nós conseguimos nos desenvolver muito nos últimos anos, e a Copa do Mundo é um importante meio de mostrarmos isso. Conseguimos crescer até durante a crise, principalmente por conta dos investimentos feitos na estrutura do torneio. Tenho certeza que construímos uma imagem que vai fazer muitos fãs voltarem no futuro”, completou Jordaan.