Há um ano que os clubes de futebol no Brasil não conseguem se reunir e tomar uma decisão conjunta que faça com que o Campeonato Brasileiro seja um evento que possa ser transmitido para todo o mundo. Há dez anos que os clubes de basquete no Brasil perceberam que, sem planejar e atuar em conjunto, a modalidade estaria caminhando para uma lenta extinção no país.
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Dessa forma, podemos sintetizar o abismo que existe entre o futebol e o basquete no Brasil. Em 2008, a criação da Liga Nacional de Basquete (LNB) foi a única alternativa que os clubes encontraram para não levar o esporte para a lixeira. Por mais lindo que fosse o passado esportivo do basquete, a desunião dos clubes, a colocação dos interesses pessoais à frente do coletivo e a falta de visão de futuro estavam matando o esporte.
O futebol ainda está longe de não ter mais alternativa como estava o basquete, mas nossos dirigentes parecem querer caminhar a passos largos para levá-lo à falência. A negociação individual pelos direitos comerciais da principal competição esportiva do país já é uma aberração por si só.
Agora, a incapacidade de os clubes se acertarem para realizar a venda internacional dos direitos de mídia do Brasileirão é mais um episódio da falta de visão estratégica dos dirigentes do futebol brasileiro.
É inviável pensar na organização de qualquer coletividade sem unir forças.
A piada do momento é ter de realizar, pela terceira vez, uma licitação para que se decida quem poderá vender os direitos internacionais do Brasileirão. Antes, os clubes reclamavam que a Globo possuía tais direitos, mas simplesmente não trabalhava para vender a imagem dos clubes para o exterior. Agora, eles não conseguem nem ao menos se organizar para acertar a venda dessa propriedade para uma empresa.
O futebol brasileiro só conseguirá se transformar num reduto de prosperidade quando entender que o inimigo não é quem tenta fazer negócio com ele, mas o próprio boicote que os dirigentes fazem ao seu produto. Não ter jogos exibidos pela TV é muito pior do que ganhar um pouco menos e trabalhar olhando o longo prazo.
Enquanto isso, o basquete após dez anos de união entre os clubes, decide fazer um encontro para que os dirigentes discutam como poderão planejar a próxima década. Cada um com sua realidade, cada um com sua dificuldade, cada um entendendo que, mais importante do que sanar o problema particular, é pensar, antes, no coletivo.
A sorte do futebol é que sua força, no Brasil, é indestrutível.