Por quanto tempo você assiste a uma partida de futebol que não envolva seu time de coração? Raramente você deve ter parado para pensar em qual a resposta para essa pergunta. Mas, muito provavelmente, deverá lembrar que o uso do controle remoto é regra quando não é seu time que está em campo.
Os primeiros números de audiência da Liga dos Campeões no Facebook mostram um pouco dessa realidade. Com uma audiência mensurada em tempo real, não vai dar mais para termos os números maravilhosos que o Ibope entrega para a televisão, que sempre leva para o mercado uma média ponderada de audiência, mas que é incapaz de mensurar a retenção do espectador e, também, não diz quanto tempo ele ficou com a TV sintonizada no canal durante todo o tempo de um jogo, por exemplo.
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Até hoje, o mercado sempre usou a métrica que é conveniente para si. Quando Silvio Santos tentou criar um concorrente do Ibope que trazia a audiência em tempo real, constatou-se o óbvio. A queda era maior nos intervalos comerciais. O projeto caiu por terra, já que ele ia contra toda a indústria por mostrar aquilo que todo mundo faz em casa. Quando o conteúdo deixa a TV, mudamos de canal.
Agora, com a inserção do Facebook na transmissão de um jogo, o mercado fica diante de uma nova realidade. Não temos uma retenção alta de atenção ao longo de 90 minutos de uma partida. Ainda mais envolvendo times que não são os nossos.
A Liga dos Campeões no Facebook não conseguirá, obviamente, ter a mesma audiência da TV aberta. O universo de pessoas, no Brasil, que possuem uma banda larga de qualidade para poder acompanhar o jogo no Facebook é incomparavelmente menor ao daquelas que têm uma televisão que consiga sintonizar a Band ou a Globo.
Mas, mais do que o alcance menor da competição, a Uefa terá de lidar com uma realidade que estava até então “mascarada” pelo sucesso da TV aberta na transmissão de seu maior torneio. A Liga dos Campeões é um sucesso quando o torneio entra em sua fase mais decisiva. Até lá, o torcedor vai buscar apenas o conteúdo de grife. É um comportamento muito diferente daquele que ele tem em relação ao time de coração.
A realidade que o Facebook começa a mostrar para o mercado é, de um certo modo, “cruel”. Por outro lado, se você conseguir ir além da análise dos números, verá que existem diversas oportunidades para obter a atenção do consumidor. E, como indicado nesta abertura da Liga dos Campeões, conteúdo de qualidade é fundamental.