Análise: Fórmula E pede passagem à Fórmula 1

A Fórmula E fez sua única prova na América do Sul na atual temporada neste final de semana. E ficou claro que a categoria tem tudo que precisa para se tornar muito grande em breve. Para isso, só precisa de tempo.

Para começar, o pensamento é no futuro. O fato de usar carros 100% elétricos, inovação e tecnologia já a aproxima do público mais jovem, interessado nesses assuntos. Como disse o diretor de marketing da Nissan na América Latina, Juan Manuel Hoyos, “é uma geração que apoia e aquela que mais vai lidar com a eletrificação”.

Em termos de público na pista, aliás, tudo também é muito bem pensado. Boa parte das provas são realizadas nas ruas ou em parques públicos. O preço cobrado pelos ingressos é acessível, e a competitividade da categoria é grande, com três vencedores diferentes em três provas na temporada. Isso facilita a presença das pessoas, que ainda desfrutam de um grande espaço dos patrocinadores e uma loja. Tudo muito acessível.

A categoria conseguiu até criar um jeito de o público interferir na prova. Para isso, utiliza outra estratégia que a aproxima dos jovens: as redes sociais. A Fórmula E usa, muito e bem, o mundo digital. Tem isso como primordial. Tanto que promove votação para que, a cada corrida, cinco pilotos ganhem um adicional de potência por cinco segundos. Os mais votados, claro. E é o público que decide, via Twitter e Instagram. É o engajamento elevado a outro patamar. E ainda tem a tradicional selfie no pódio, onde os pilotos chegam em meio a um “corredor de torcedores”.

Com marketing forte e o fato de olhar para o futuro, a categoria atrai cada vez mais pilotos conhecidos, como o estreante Felipe Massa, e marcas fortes. Lá já estão montadoras como BMW, Nissan, Audi e Jaguar, além de ABB, Bosch, DHL, Heineken, Michelin e por aí vai. Em 2017, após quase 40 anos na Fórmula 1, a Hugo Boss migrou o patrocínio que fazia no automotor para a Fórmula E. E justificou a iniciativa por conta do “perfil inovador e sustentável” da categoria.

Por último, a F-E chega a mercados que a Fórmula 1 não está, como Arábia Saudita, Marrocos, Chile e Hong Kong. Quando o país já recebe a F1, a F-E muda a cidade e é letal: tem Paris, Roma, Berlim e Nova York no calendário.

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Ainda falta criar uma tradição, claro. A temporada em disputa é apenas a quinta. Falta tempo à Fórmula E. A própria F1 precisou disso no início. E lá se vão 70 anos.

A F1 que se cuide. A F-E pede passagem pela esquerda.

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