Todo contrato de transmissão é naturalmente uma parceria: os dois lados saem ganhando com o acordo. Caso contrário, obviamente, nada seria assinado. Mas o caso entre NBA e Band deixa isso em enorme evidência. As duas partes envolvidas têm interesses extremamente estratégicos; ambas mudam de patamar no mercado brasileiro com o papel assinado nesta semana.
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Para a NBA, ter a televisão aberta no Brasil é fundamental. O país é o segundo mercado mais importante para a liga fora da América do Norte. Fica atrás apenas da China. E, para ampliar os negócios na região, tem investido bastante em eventos e ativações. Como consequência, tem reunido público e até novos patrocinadores.
Mas é difícil falar em popularização fora da TV aberta. A NBA apostou no streaming com a Vivo, mas o alcance das transmissões pela internet é bastante limitado. Na televisão paga, o torneio tem ampla cobertura, com SporTV e ESPN. No entanto, há de se convir que ter espaço nessas duas emissoras serve para falar com convertidos. Para ter novos saltos no mercado, era fundamental uma melhor distribuição.
Não é por acaso que a NBA viveu o primeiro “boom” no Brasil entre os anos 1980 e 1990, quando os bonés de times de basquete chegaram a ser moda entre adolescentes brasileiros. A época contava, claro, com o enorme apelo de Michael Jordan e companhia, mas seria difícil pensar em popularização das equipes no Brasil se não fossem as transmissões em TV aberta. E eram precisamente da Band.
Justamente por esse histórico, voltar a ter a NBA é tão importante para a emissora paulista. A Band teve dificuldades financeiras nos últimos anos e praticamente perdeu o esporte de elite. Na última década, o canal teve que abrir mão de produtos como a Liga dos Campeões, Campeonato Brasileiro e Campeonato Paulista. Mesmo com a chegada do NBB, o torneio nacional de basquete, o DNA esportivo ficou para trás. Com a liga americana, há uma resposta ao mercado. E com boas possibilidades de audiência mais alta, apesar dos horários pouco convencionais para as transmissões.
O melhor desse jogo de altos ganhos para ambos os lados é que há uma maior possibilidade de a parceria ser perene. E quando uma liga de alto nível dá mais um passo adiante no mercado nacional, a vitória é de todos, mesmo que por vezes haja a impressão de uma concorrência extra. Produto de excelência puxa todo o segmento para cima, seja TV, ligas, times, patrocinadores ou até mesmo torcedores.