O anúncio da plataforma própria de streaming do Palmeiras é mostra de que essa deve ser a próxima “galinha dos ovos de ouro” do futebol brasileiro. Assim como houve um tempo em que todos sonhavam em ter o próprio canal de TV quando houve a popularização da TV por assinatura.
O problema é que ainda não se sabe como o streaming poderá ser uma plataforma lucrativa para clubes de futebol, que não possuem como diferencial aquilo que tem sido a maior aposta dos gigantes do mercado, que é o conteúdo ao vivo.
O modelo de negócio das TVs dos clubes no YouTube parece claro. Conteúdo exclusivo, sem temporalidade definida, mas com alto poder de audiência e engajamento. A partir disso, é possível vender patrocínios, realizar ações de branded content ou faturar com os anúncios que o próprio Google coloca dentro da plataforma.
Mas e o streaming? O modelo de uma plataforma própria de vídeos torna tudo muito mais complexo. Não é possível saber ainda qual o modelo ideal. Fazer a plataforma fechada é um risco em diversos sentidos. Uma delas é o de não ter dinheiro disponível do torcedor para pagar para ver. É preciso muito fanatismo para querer colocar mais dinheiro só para ter um conteúdo que não é aquele ao vivo.
Nesse contexto, o maior desafio que o esporte tem de enfrentar para os próximos anos é desvendar qual será o modelo de negócios do streaming. O fato de ser uma plataforma que permite criar mecanismos para conhecer melhor o torcedor já pode se transformar num negócio interessante para buscar voos maiores. Mas, enquanto o streaming for visto apenas como um meio de levar mais conteúdo ao consumidor, sem se preocupar com a lucratividade disso, dificilmente o negócio vai prosperar.
O maior problema dos canais de TV dos clubes, no passado, foi que eles não foram concebidos com um modelo sustentável de negócio. Com audiência abaixo do esperado, os clubes não conseguiram gerar receita para justificar o projeto.
No streaming, o caminho até agora parece ser o mesmo. É muito claro que as pessoas já não consomem mais a grande mídia da maneira como era antes. Ter o conteúdo na palma da mão com o celular é o modo mais fácil de ter acesso à informação, que é cada vez mais personalizada e dirigida. Mas será que há apetite do consumidor em pagar para ter cada vez mais informação? Enquanto o streaming não souber responder a essa equação, será difícil tentar imitar o enorme sucesso do Netflix.