Os choros de Cristiano Ronaldo na final da Euro 2016 comoveram, ou deveriam comover, qualquer pessoa que tenha algum apreço ao esporte. O português não se conteve ao sentir a lesão, ao perceber que não poderia mais ficar em campo, ao ser campeão e ao levantar a taça.
Mais do que sua alta técnica e sua capacidade física fora do normal, Cristiano Ronaldo chamou a atenção na final do mais importante torneio europeu pela sua comoção ao futebol e ao seu país, por um amor que não podia ser explicado naquele momento, mas que era facilmente compreendido.
Há algumas semanas, esse mesmo espaço foi usado para ponderar o porquê de uma empresa apostar em Messi. Na análise, a vontade de vencer do argentino seria o que causaria a empatia das pessoas. Cristiano Ronaldo vai além disso porque sua entrega é pública e altamente passional.
Durante toda a Euro, seu comportamento esteve em evidência. Mais do que o genial gol de letra contra a Hungria ou o inacreditável salto na cabeçada contra o País de Gale, foi com ações fora de campo que o português se mostrou mais ídolo. Do temperamento explosivo frente a um repórter de seu país aos incentivos a João Moutinho, com sonoros palavrões, Ronaldo foi mais verdadeiro do que nunca.
O mercado o adora, a ponto de torna-lo o atleta mais bem pago do mundo. Os torcedores, por vezes, estranham os excessos, do gel no cabelo às vistosas comemorações. Mas, nesta Euro, ele explicitou sua importância no esporte. O futebol, sem ele, sem sua paixão, sua marra, é um terreno bem mais insosso. O futebol precisa mais desse tipo de personalidade, dentro e fora de campo.