A notícia esportiva mais comentada na segunda-feira não foi a vitória do Corinthians no clássico com o Santos. Nem o Fla-Flu de seis gols e decidido nos pênaltis. Nem sequer os dois tentos ilegais feitos pelo São Paulo. Nas minhas redes sociais, Tite e Wellington monopolizaram as atenções.
Vamos aos fatos: o treinador da seleção foi à Arena Corinthians para ver o clássico paulista. Na chegada, o telão do estádio exibiu a imagem de Tite, efusivamente aplaudido pelos torcedores. Ele ficou emocionado. No momento em que Jô fez o gol da vitória, o técnico foi flagrado comemorando.
Corta para o dia seguinte, na saída do estádio do Morumbi. O volante Wellington é alertado por um dos membros da TV oficial do clube de que sua mochila está aberta. “Ainda bem que é no São Paulo, imagina no Corinthians”, brincou o jogador, que talvez nem tenha percebido que participava de uma transmissão ao vivo.
Corto para quando iniciava minha carreira no jornalismo. Certo dia fui com a equipe do Lance! cobrir o jogo de um grande clube de São Paulo. Um dos repórteres não resistiu quando viu seu clube fazer o primeiro gol e ergueu um braço para festejar. Foi advertido de que aquele não era comportamento aceitável na tribuna de imprensa. Tínhamos pouco mais de 20 anos. Aprendemos a lição.
Tite e Wellington, da mesma maneira, sabem que suas atitudes podem despertar ódio num ambiente tão passional como o futebol. Mas, diante da emoção despertada no treinador e da inocência do volante, são derrapadas aceitáveis.
Por que, então, a repercussão dos atos foi muito maior do que deveria? Busca da polêmica fácil? Matérias caça-cliques? O pretenso deslize da dupla diz muito mais sobre o jornalismo atual do que sobre futebol.