No fim da última quinta-feira (05), a Federação Paulista de Futebol anunciou que a partida entre Palmeiras e Corinthians, no novíssimo Allianz Parque, terá torcida única. A entidade seguiu a orientação do Ministério Público, que tem como intuito evitar casos de violência. A situação é um sinal claro de como um evento esportivo é mal gerido no Brasil.
Primeiramente, os casos de violência no futebol acontecem, prioritariamente, longe dos estádios. Ou seja, não fará diferença a torcida única, o problema está acima disso. Nos últimos anos, o embate entre organizadas de Corinthians e Palmeiras foi ampliado após a morte de um torcedor em um confronto na Avenida Inajar de Souza, a cerca de 30 quilômetros do Pacaembu, onde a partida entre os clubes foi realizada horas depois.
Dentro dos estádios, com poucas exceções, como o infame episódio entre Vasco e Atlético Paranaense, as brigas são internas, entre grupos de torcedores. Esse foi o grande problema enfrentado na Argentina, que adotou torcida única nos estádios em 2013, após uma série de mortes causadas pela violência no futebol. Entre os barra-bravas, a medida esteve longe de ser efetiva.
Com a decisão da Federação Paulista, corta-se para o lado mais fácil. A polícia não precisa fazer escolta de torcida e a Ministério Público se exime de possíveis inconvenientes. O problema, claro, permanece no mesmo lugar. E, mesmo com estádios novos, o que se vê são os mesmos erros de organização, desde a incapacidade de fazer uma fila até a violência gratuita dos policiais que participam do evento.
Futebol brasileiro permanece sobrevivendo com passos para trás.