“Renuncio de modo irrefutável e irretratável ao cargo de Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como ao de membro honorário de sua Assembleia Geral”. De modo sucinto, Carlos Arthur Nuzman deu fim à sua presidência no Comitê Olímpico do Brasil, órgão que comandou nas últimas duas décadas.
A carta foi enviada aos dirigentes do COB e aos presidentes das confederações associadas à entidade. Eles se reuniram na terça-feira em Assembleia Geral Extraordinária, que foi marcada justamente para discutir a situação do então presidente; Nuzman está preso desde a última semana, em um desdobramento da Operação Unfair Play, da Polícia Federal.
O texto foi lido aos presentes pelos advogados de Nuzman. A Assembleia aceitou a renúncia e, dessa maneira, segue-se o estatuto do COB: o primeiro vice-presidente assume o comando. Com a regra, Paulo Wanderley Teixeira, que já estava na presidência desde a última semana, fica em definitivo. Nas próximas semanas, a entidade deverá eleger um novo vice-presidente para ocupar o espaço deixado.
Em coletiva de imprensa, Paulo Wanderley afirmou que a renúncia traz sentimento de “alívio”, mesmo que pessoalmente lamente pela situação de Nuzman. O problema foi o Comitê Olímpico Internacional, que suspendeu o COB na última semana após a prisão do dirigente. A entidade ainda faz uma série de exigências aos brasileiros.
Nuzman permanece negando qualquer envolvimento com compras de votos, mas afirmou na carta enviada ao COB que precisaria se dedicar à sua defesa. Com a decisão, o agora ex-presidente encerra uma longa trajetória no esporte brasileiro.
O dirigente começou no segmento como atleta, e chegou a disputar os Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio, como jogador da seleção brasileira de vôlei. E foi justamente na modalidade que Nuzman ganhou destaque. No comando da Confederação Brasileira de Vôlei, o time nacional aumentou sua relevância internacional. Em 1995, passou a presidir o COB, cargo que jamais abriu mão.
Em outubro de 2016, após ter realizado os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Nuzman foi mais uma vez eleito para o COB, ao lado de Paulo Wanderley. O ciclo, encerrado na terça-feira, deveria ir até 2020.