O anúncio da Fifa sobre as 12 cidades brasileiras que receberão jogos da Copa do Mundo de 2014 não encerrou a disputa que existe em território nacional. As sedes ainda lutam entre si para abrigar, entre outras coisas, o jogo de abertura, o centro de mídia, as semifinais e algumas das principais seleções. Em meio a essa concorrência, os arquitetos envolvidos nos projetos resolveram se unir para debater estratégias para a competição ter um perfil único, baseado na sustentabilidade. A proposta partiu de Eduardo e Vicente Castro Mello, arquitetos responsáveis pelo projeto de estádio em Brasília. Os dois participaram de um levantamento do Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) em 16 das 17 finalistas a receber jogos do Mundial ? a exceção foi Rio Branco, que não foi selecionada ? e pretendem trabalhar o conceito como a principal marca do evento no Brasil. ?Se você analisar as últimas edições da Copa do Mundo, vai ver que cada uma delas tem um perfil próprio de estádios. O que nós queremos é estabelecer um modelo para o Brasil. Acreditamos que, até pelo momento que o planeta vive, nós podemos utilizar o conceito de ?Copa verde? para construir ecoarenas. E quando digo isso, uso esse conceito mais para falar de sustentabilidade do que para transmitir algo ligado ao ecológico?, explicou Vicente. A ideia de ?Copa verde? e a preocupação ecológica já estiveram presentes em alguns dos projetos que as cidades mostraram à Fifa. Rio Branco, por exemplo, chegou a denominar seu possível estádio de Arena da Floresta. Sua proposta tinha forte apelo para os recursos naturais da Amazônia. No entanto, o que será apresentado aos arquitetos nesta quarta-feira é um conceito diferente disso. Vicente pretende incutir nos responsáveis por projetos da Copa uma ideia de que é preciso minimizar ao máximo o impacto no meio ambiente. ?Quando falamos de ?Copa verde?, muitos associam com florestas e a realização de jogos no meio disso. Na verdade, o que queremos vai em uma direção contrária. Pensamos na construção de arenas econômicas, que tenham painéis de energia solar, que sejam sustentáveis e que consumam poucos recursos. O Ninho de Pássaro, que foi usado nas Olimpíadas de Pequim, consumiu tanto aço em sua estrutura que uma montanha precisou ser desmontada. Nós não podemos pensar em obras tão grandiosas?, sentenciou o arquiteto. Difundir um ideal único entre os arquitetos que farão projetos para a Copa ainda é uma forma de diminuir rusgas entre eles. Prova disso é que até os responsáveis por ideias das cinco cidades que foram alijadas do Mundial participarão do encontro. ?Isso não é um campeonato de arquitetura. A Copa é de todos nós, e o ideal é que todos se ajudem para a construção de algo que beneficie o Brasil como um todo. Por isso, é importante incentivar o debate e a troca de informações?, finalizou Vicente.