Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, foi taxativo: nenhuma das 12 cidades que a entidade definiu no último domingo como sedes da Copa do Mundo de 2014 está preparada para receber o evento. A cinco anos da competição, a falta de estrutura carece de segurança quanto ao investimento público e já admite até a possibilidade de aporte público de capital nas arenas. O principal problema é que os projetos apresentados à Fifa ainda não têm segurança de investimentos privados. A explicação recorrente para a ausência de segurança é a crise financeira internacional, que abalou empresas desde o ano passado. O projeto de São Paulo, por exemplo, encontrou apenas a Visa como investidora para a reforma do Morumbi. A arena é pública e o São Paulo, proprietário do espaço, orçou as obras em R$ 136 milhões ? a meta do projeto paulista é usar a arena como sede da abertura da Copa do Mundo. A dificuldade de encontrar investimento permeia a maioria dos projetos. Diante disso, algumas cidades já admitem aporte público de capital. É o caso de Cuiabá, que não teve custo divulgado. O governador Blairo Maggi (PR) assegurou que o Estado assumirá a demolição do estádio José Fragelli e a construção de uma nova arena. ?Com a crise econômica, eu acho muito difícil que empresas privadas invistam no projeto neste primeiro momento. Estádio de futebol não é algo rentável que justifique o alto investimento?, confirmou Gustavo Corrêa, secretário de Esportes e Juventude e um dos membros da candidatura de Belo Horizonte, em entrevista à ?Folha de S.Paulo?. As 12 cidades escolhidas pela Fifa devem ter um gasto médio de R$ 309 milhões com as reformas de estádios ? além de Cuiabá, Belo Horizonte e Curitiba não divulgaram o orçamento. O projeto mais caro é o de Brasília (R$ 520 milhões), enquanto Porto Alegre prevê apenas R$ 120 milhões. ?Quem tem responsabilidade para a Copa e quem assinou os documentos foi o governo do Estado. É um estádio do governo. Se não houver braço privado, eu, governo, tenho que me responsabilizar porque eu disse que ia estar pronto. E o governo vai ter que fazer, vai ter que preparar?, disse Márcia Lins, presidente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj). As projeções de possíveis investimentos públicos em estádios chamam atenção porque contrariam uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início da candidatura nacional ao Mundial, o mandatário sempre disse que não haveria investimento público na reforma de estádios. Essa não é, porém, a única necessidade do país para a Copa do Mundo. Segundo a Infraero, apenas os aeroportos nacionais consumirão um investimento de R$ 5 bilhões em obras para o evento. As reformas serão realizadas em 14 plataformas do país. “As cidades precisam melhorar coisas como telefonia, transporte, segurança e estádios”, avisou Jerome Valcke em Nassau, onde a Fifa anunciou as sedes da Copa do Mundo de 2014.