Se as décadas de 1990 e 2000 ofertas estrangeiras obrigavam os clubes brasileiros a vender seus “Denílsons”, “Robinhos” e “Kakás”, hoje a situação é diferente. Segundo um estudo do consultor de gestão esportiva Amir Somoggi, nos últimos anos os clubes estão dependendo cada vez menos das receitas adquiridas com a venda de atletas.
De acordo com o levantamento, em 2012, apenas 14% das receitas dos 20 maiores clubes do país veio por meio de negociações de jogadores. No ano anterior, 15% da arrecadação desse grupo vinha da venda de atletas. Em 2007, o índice chegou a representar 37% do total amealhado pelos clubes.
A menor dependência da venda de atletas na geração de receitas também tem a ver com o aumento substancial de arrecadação que os clubes tiveram com o incremento das cotas de TV e dos patrocínios. Esses, alías, foram os segmentos que mais geraram receitas para os clubes no último ano.
“Eu venho defendendo essa manutenção há um bom tempo: pode ser muito mais rentável para um clube manter um atleta em vez de se desfazer dele pelo dinheiro da transação. Cinco anos atrás, os clubes não acreditavam que isso fosse possível, hoje sim, há uma nova configuração”, afirmou o consultor, em entrevista à Máquina do Esporte.
Somoggi diz que os clubes estão aprendendo a explorar melhor o marketing de seus principais atletas: “Vemos casos como o do Ronaldo no Corinthians, do Neymar no Santos e, mais recentemente o Seedorf no Botafogo, onde os custos para manter esses atletas são altos, mas o retorno é muito maior. Jogadores como esses trazem com eles patrocinadores, exposição de mídia, novos torcedores.
Mesmo assim, ainda existem casos que fogem do novo padrão, como o de Lucas, do São Paulo. “O caso do Lucas era algo extraordinário, um valor de mais de R$ 115 milhões, uma oportunidade de negociar o jogador acima até do preço de mercado”.
Mas Somoggi reitera que a negociação do meia com o PSG francês não era o foco principal do clube paulista: “O São Paulo não baseou seu planejamento contando com esse dinheiro, tanto que, no balanço de 2012, o clube ainda não incluiu esses R$ 115 milhões e, mesmo assim, teve a segunda maior receita do país, com R$ 284 milhões.
“Com o ingresso do dinheiro da venda do Lucas, o São Paulo ficará numa situação financeira muito confortável em 2013”, completou.